Após tentativas de recuperar dados apagados dos celulares da mãe e padrasto de Sophia Ocampo, morta aos 2 anos, sem sucesso, a Justiça determinou que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) faça a perícia nos aparelhos celulares dos acusados da morte da menina.
Antes, havia sido feito o pedido para que a Polícia Federal fizesse a tentativa de recuperação de dados, já que a Polícia Civil não conseguiu fazer a recuperação. E agora ficou a cargo do Gaeco a perícia para tentar recuperar dados que foram apagados sobre a morte de Sophia, já que possuem tecnologia mais avançada para o trabalho.
"Considerando que mencionada autoridade, inclusive, os encaminhou também à polícia científica do Estado do Paraná por conta da tecnologia mais avançada, também sem sucesso; Considerando, finalmente, que o GAECO, braço direito do Ministério Público, é órgão estadual dotado de equipamentos também de alta tecnologia: Decido com base no art. 3o do CPP e art. 378 do CPC em encaminhar ao Gaeco aludidos aparelhos para fins de tentar extrair os dados ou provas de interesse criminal no contexto deste processo.", diz o juiz Aluisio Pereira dos Santos em sua decisão.
Ainda foi criada, por meio de uma portaria, uma força-tarefa na qual quatro promotores do júri irão atuar no caso da menina Sophia. Foi marcada para o dia 28 de setembro uma audiência, onde as médicas que atenderam a menina irão prestar depoimento do caso que mudou de Vara, e agora o juiz Aluisio Pereira dos Santos está à frente do caso.
Casa periciada
O Jornal Midiamax teve acesso ao laudo pericial que analisou a casa de Sophia. Logo na entrada da residência, em específico na varanda, foi observada a bagunça com lixos, objetos espalhados pelo chão e fraldas que estavam em sacos, além de embalagens vazias de latas de cerveja, demonstrando alto consumo de álcool. Na área de serviço, foi notado que recentemente roupas haviam sido lavadas e uma toalha branca chamou a atenção da perícia, já que estava separada das outras roupas estendidas no varal.
Já dentro da casa foi possível notar a desordem. Na sala havia um colchão no chão e sobre ele uma colcha, de cor rosa, onde os peritos encontraram três manchas: uma de cor marrom e outras duas, sendo uma delas de cor avermelhada, sugerindo ser sangue.
Na outra mancha encontrada foi usada luz azulada e com auxílio de óculos de coloração amarela pode-se perceber que se tratava de sêmen. Ainda na sala, foram encontrados vários medicamentos, que iam de tratamento para dores de cabeça, anti-inflamatórios, dores de garganta e prisão de ventre.
Também na sala foram encontrados dois tubos de lubrificante feminino, sendo um deles aberto e quase no final. Um dos tubos estava em cima de um móvel ao lado do colchão que estava no chão da sala e outro em cima de um móvel onde ficava uma CPU, que foi apreendida para passar pela perícia.
No quarto havia brinquedos espalhados, um ventilador quebrado e a cama também estava com o estrado quebrado. Uma toalha pendurada na porta do guarda-roupa foi periciada e encontrados vestígios de sêmen. Na cozinha havia louças na pia por lavar e outras limpas, e no banheiro tinha uma banheira, de cor rosa, com água limpa em seu interior.
Segundo a conclusão da perícia, havia objetos e vestígios remetendo à prática sexual na sala e no quarto e um alinho que destoava da desordem na sala e no quarto, além de limpeza recente no banheiro, o que sugere possível tentativa de alteração da cena na residência.
“Não é possível concluir nesse trabalho a existência de vestígios inequívocos de morte violenta em tal residência, não se descartando o prejuízo ante a falta de preservação do local durante o período entre a prisão dos supostos autores e a chegada da equipe pericial na residência”, disse a perita em laudo.
Morte de Sophia
Sophia morreu aos 2 anos, na noite do dia 27 de janeiro. Ela foi levada pela mãe a um posto de saúde, onde as médicas que atenderam a menina constataram que ela já estava morta há pelo menos quatro horas. Tanto a mãe como o padrasto de Sophia foram presos e já indiciados pelo crime.
O casal ainda tentou alterar as provas da morte da menina para enganar a polícia. A prisão preventiva foi decretada no dia 28 de janeiro. Em sua decisão, o magistrado afirmou que: “A prisão preventiva se justifica, ainda, para preservar a prova processual, garantindo sua regular aquisição, conservação e veracidade, imune a qualquer ingerência nefasta do agente. Destaca-se que, conforme noticiado nos autos, a criança somente foi levada para o Pronto Socorro após o período de 4 horas de seu óbito, o que evidencia que os custodiados tentaram alterar os objetos de prova.”
O juiz ainda citou que caso o casal fosse solto, haveria a possibilidade de tentativa de alteração de provas "para dificultar ou desfigurar demais provas". O casal foi levado para unidades penitenciárias, sendo a mulher para o interior do Estado e o padrasto da menina para a Gameleira de Segurança Máxima.
A menina passou por vários atendimentos em unidades de saúde, entre eles febres, vômitos, queimaduras e tíbia quebrada. Em menos de 3 meses, a criança foi atendida diversas vezes sem que nenhum relatório fosse repassado sobre os atendimentos a menina.