Já condenado a quase 47 anos, de prisão, Jamil Name Filho sofreu nova derrota na Justiça nesta terça-feira (10). O Tribunal de Justiça negou recurso que tentava impedir que fosse levado a júri popular pelo assassinato de Marcel Hernandes Colombo, conhecido como Playboy da Mansão, executado em 18 outubro de 2018.
Os desembargadores Luiz Gonzaga Marques, José Ale Ahmad Netto e Jonas Hass Silva Júnior, da segunda Câmara Criminal, também negaram por unanimidade apelação feita pelo ex-guarda municipal Marcelo Rios e o policial federal Everaldo Monteiro de Assis, que também tentavam se livrar do júri popular.
Seus advogados alegam que a Justiça teria utilizado provas ilegais e não teria permitido o amplo direito de defesa aos acusados. Parte das provas que a defesa considera serem ilegais e que levaram os três a serem acusados foram encontradas em um pen-drive apreendido junto com um arsenal de 26 armas em uma casa da família Name, durante a Operação Omertá, em 2019.
O policial federal Everaldo de Assis também tentava, mais uma vez, desmembrar seu julgamento dos outros dois envolvidos, mas também teve o recurso negado e terá de ir ao bancos dos réus junto com Jamil Name Filho e Marcelo Rios.
Em julho deste ano os dois já foram condenados pela execução do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier, morto em 9 de abril de 2019, no Bairro Bela Vista, em Campo Grande. Jamilzinho foi condenado a 23 anos e seis meses por ser mandante do crime.
Mas, apensar da decisão do TJ, o júri pelo assassinato de Marcel Colombo deve acontecer só no próximo ano, conforme já haviam deixado claro os responsáveis pela Segunda Vara do Tribunal do Júri.
Isso porque o julgamento exige a preparação de uma logística toda diferenciada, assim como ocorreu no julgamento de julho, quando um forte esquema de segurança foi montado no fórum de Campo Grande.
A previsão é de que Jamilzinho mais uma vez seja transferido do presídio federal de Mossoró (RN) para Campo Grande e participe presencialmente do júri.
Playboy da Mansão, que ficou conhecido assim por conta de festas barulhentas que promovia em uma mansão na região do bairro Carandá, foi executado em um bar na Avenida Fernando Correa da Costa.
E essa morte, segundo a acusação, ocorreu por causa de um desentendimento entre Jamilzinho e Colombo em uma boate cerca de dois anos antes do crime. Na ocasião, Marcel teria retirado algumas pedras de gelo da mesa de Jamilzinho, que não teria gostado. Por conta disso, Marcel acabou agredindo Jamil.
Por conta dessa agressão, Jamil teria afirmado que mataria Marcel. A própria ex-esposa de Jamil alertou Marcel e ele acabou saindo de Campo Grande por cerca de seis meses. Mesmo assim, a ameaça de morte não foi cumprida. Mas isso somente porque o pai de Jamilzinho, Jamil Name, que morreu aos 82 anos no presídio de Mossoró, não permitia.
Mas a permissão acabou sendo dada pelo pai, conforme a investigação, depois que este tomou conhecimento de mensagens de áudio que Marcel Colombo divulgou fazendo uma espécie de chacota da família Name. Irritado por conta disso, deu autorização para que o filho cumprisse sua ameaça feita no dia em que as pedras de gelo motivaram a agressão física.
O policial federal e o ex-guarda municipal, por sua vez, serão levados a júri sob a acusação de terem montado o plano para a execução de Marcel. Os disparos, segundo a investigação, foram feitos por Juanil Miranda Lima. Oficialmente, ele está desaparecido, mas a suspeita da polícia é de que ele tenha sido morto, assim como aconteceu com outros pistoleiros que estavam a serviço da mesma milícia.
CARREIRA
Além dos 23,6 anos de prisão pela morte de Matheus Xavier, Jamil Name Filho tem outras três condenações, por organização criminosa, arsenal bélico e extorção.
Durante investigações da morte de Matheus Coutinho Xavier, policiais descobriram seis fuzis, um revólver 357, 11 pistolas 9 milímetros, quatro pistolas ponto 40, uma pistola de calibre 22 e outra pistola de calibre 380, além de duas espingardas, sendo uma de calibre 12 e outra de calibre 22. Também foram encontradas 1.753 munições, 392 para os fuzis AK-47.
Em dezembro de 2020, ele foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão acusado de ser proprietário do arsenal de 26 armas apreendidas durante a investigação para esclarecer a morte de Matheus.
O armamento estava em uma casa no bairro São Bento, na região central de Campo Grande, que pertencia à família Name. Justamente por conta deste imóvel é que Jamil Name Filho foi condenado a outros 12 anos e oito meses anos de prisão, no final de junho do ano passado.
Conforme a denúncia do Ministério Público acatada pela Justiça, o imóvel foi tomado à força de um casal que havia tomado um empréstimo de R$ 80 mil da família Name. Como o casal não conseguiu quitar o empréstimo e os juros, foi forçado, sob ameaça de espancamento com tacos de basebol, arama farpado e sob mira de arma de fogo, a repassar a casa para Jamilzinho.
O casal denunciou o caso após Jamil Name Filho ser preso sob acusação de ser o mandante da morte do estudante. Jamil Filho também foi condenado ao pagamento de indenização de pelo menos R$ 1,7 milhão ao casal.
A terceira condenação veio no final de julho do ano passado, dessa vez a mais seis anos de cadeia. Desta vez a Justiça aceitou a denúncia de organização criminosa porque ele tinha a seu serviço um pequeno batalhão de pistoleiros para executarem uma série de crimes.
E, além do júri que terá pela frente, Jamilzinho ainda responde a outras 14 ações penais. Em algumas delas obteve vitória na Justiça, mas o Ministério Público recorreu de todas elas.
(colaborou Celso Bejarano)