Campo Grande está recebendo especialistas do Ministério das Cidades e da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), como parte da programação da “4ª Jornada de Inovação – Cidades que Transformam: Gestão sustentável de resíduos sólidos urbanos”, da qual a Capital é um dos cinco municípios/consórcio selecionados para participar.
A equipe técnica esteve no Gabinete da Prefeita Adriane Lopes nesta terça-feira (21) e foi recebida por titulares de vários órgãos municipais, demonstrando a articulação entre as secretarias, bem como o apoio de todas as áreas da gestão.
Para o secretário municipal de Governo e Relações Institucionais, João Rocha, receber o Ministério das Cidades e a GIZ é uma oportunidade única. “Estamos em um novo tempo para Campo Grande com a consolidação da Rota Bioceânica. Os olhares do Brasil e do mundo estão voltados para a nossa cidade e precisamos alinhar o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade. Campo Grande se destaca novamente no cenário nacional ao participar da 4° Jornada de Inovação”.
Visando desenvolver soluções inovadoras que equacionem as dimensões técnica, ambiental, social e econômico-financeira da prestação dos serviços de resíduos sólidos urbanos e promovam a economia circular, a jornada, que é conduzida pela Escola Nacional de Administração Pública, em parceria com o Projeto ANDUS e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, tem como uma de suas etapas a visita de sua equipe de especialistas, para entrar em contato com experiências reais e interagir com as pessoas relacionadas aos desafios, a fim de gerar uma nova compreensão da realidade e reduzir incertezas e dúvidas.
Durante a reunião, as especialistas da GIZ, Anna Carolina de Paula Madrid de Marco, Verena Mattern e Maria de Fátima Abreu, enfatizaram que estão muito satisfeitas com os projetos que já são implementados em Campo Grande e parabenizaram a gestão pelo foco em desenvolvimento sustentável.
A assessora técnica Anna Carolina destaca que a equipe vai ficar uma semana em Campo Grande participando de reuniões, visitando cooperados, catadores na Usina de Triagem de Resíduos, e elaborando relatórios. Ela cita que o grupo está entusiasmado com o que observou na Capital. “Estamos muito bem impressionadas, com a qualidade do planejamento aqui no município. Vimos como o meio urbano está limpo, tem árvores, e tem uma microquímica super agradável. A população ocupa a cidade, então a gente quer aproveitar essas fortalezas também para pensar a coleta seletiva de uma forma mais ampliada”, disse a técnica, que também enfatizou a importância de diminuir a geração de resíduo e pensar como ele pode ser tratado para gerar valor.
“Após essa etapa, a partir de janeiro de 2024, a gente vai pensar com a Planurb qual vai ser a proposta que vamos formular. Ao final da jornada vamos entregar um plano de ação para enfrentar esse desafio.”
A especialista contratada pelo GIZ Maria de Fátima destaca que é primordial mudar a cultura tendo como consequência o comportamento da sociedade. Ela diz que embora seja engenheira de formação, possui mestrado sobre o tema e trabalha com gestão de resíduos há anos. “Na área de saneamento o lixo depende de gestão. Ontem foi um dia rico de conhecimento em Campo Grande.”
Ela defende articulação intersetorial para que o esforço e investimento não se perca e diz que é preciso integrar a população e as políticas públicas para se mudar a cultura do descarte de lixo. “Precisamos reforçar que quando a pessoa muda a sua cultura em relação ao resíduo, ela gera resultados para o ambiente. Onde começa esse problema? Começa na hora que o cidadão escolhe o que vai levar para casa, porque o que sai de casa é aquilo que leva ao desperdício em geral. Então, a coleta seletiva não trata só da questão de como pegar o reciclado e levar, mas começa principalmente em como comprar as coisas, escolher, evitar levar descartáveis, coisas com baixa durabilidade, tudo isso faz parte dessa problemática.”
“As pessoas muitas vezes acreditam que levar essa quantidade de resíduo para casa não prejudica, mas tudo está interligado. Quando a pessoa diz que vai jogar fora, ela joga dentro porque só tem um planeta que está acabando, literalmente. Então, o ponto essencial também é mudança de cultura, comportamento. E conhecimento, ter a informação correta, por isso a importância da comunicação.”
Do Ministério das Cidades, Luiz Paulo de Oliveira Silva, do Departamento de Adaptação às Mudanças de Clima e Transformação Digital, explica que o setor trabalha com o conceito de cidades inteligentes. “Campo Grande tem se destacado como uma cidade inovadora nas áreas de gestão de resíduos sólidos, na área de desenvolvimento urbano, principalmente a parte de presença do verde na área urbana. Ela é uma das cidades mais verdes, arborizadas no planeta, e o Ministério está justamente estimulando esse tipo de prática”.
Ele destaca que Campo Grande está bem posicionada na temática e que o Ministério das Cidades pode auxiliar com estrutura e treinamentos. “Estamos fazendo esse trabalho com o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Ciência e Tecnologia, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano que oferece oportunidades nesses campos, não só do ponto de vista da infraestrutura, mas também nas questões relacionadas a treinamento. Então a gente oferece esse tipo de abordagem: infraestrutura, que envolve a questão de revitalização de áreas degradadas, aproveitamento de áreas do Centro da cidade que estão abandonadas, coisas desse tipo e projetos dessa natureza; e também a parte relacionada especificamente à capacitação dos recursos humanos.”
Luiz cita ainda que os dois grandes focos são oferecer de imediato essas possibilidades e posteriormente tratar questões relacionadas às periferias, área de habitação, saneamento ambiental e mobilidade.
A diretora-presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), Berenice Domingues, explica que também um dos objetivos e planos de desenvolvimento sustentável da Capital é dar vida a área Central, por isso, há um estudo pelo departamento para intervenção futura e aplicação do plano. Ela cita que a visita do Ministério das Cidades também é uma oportunidade para que a Capital possa se valer da ideia de ir além da produção de habilitação na área central e gerar tripé do ambiental, social e econômico. “Precisamos fortalecer os municípios e alinhar melhor com os entes federados. Queremos tirar do papel esses projetos que irão trazer de fato a sustentabilidade para a cidade. ”
Por sua vez, a secretária municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana, Katia Sarturi disse que Campo Grande é um exemplo de município que merece investimentos. Para ela, a Capital está numa fase bem melhor que outras cidades do país no que diz respeito a sustentabilidade. A secretária indicou que a visita do Ministério das Cidades e da GIZ eleva a possibilidade de melhorias neste setor. “Nós temos projetos e nos preocupamos com o meio ambiente, com a qualidade ambiental dentro do contexto dos resíduos sólidos e por isso valorizamos esse momento em que podemos contar a vinda do Ministério.”
Diálogo Aberto
Como parte da programação da visita técnica, a Planurb, juntamente com os especialistas do Ministério das Cidades e da GIZ, promoverão o “Diálogo Aberto sobre Coleta Seletiva em Campo Grande”, nesta terça-feira (21), às 18h, no auditório Engenheiro Nilo Javari Baren, situado na sede da Agência (Rua Hélio de Castro Maia, 279 – Jardim Paulista).
Durante o evento, haverá um nivelamento de informações e sensibilização sobre mobilização social para a coleta seletiva, bem como haverá a oportunidade dos cidadãos contribuírem no levantamento de visões sobre a temática.
Projeto ANDUS
O Projeto ANDUS é um projeto de cooperação técnica executado pelo Ministério das Cidades e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima em parceria com o Ministério Federal da Economia e Ação Climática da Alemanha como parte da Iniciativa Internacional para o Clima. É implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH no contexto da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável.