A Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) de Campo Grande está implantando o acolhimento à demanda espontânea nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) visando melhorar as práticas e processos de atendimento e da melhora do acesso do usuário aos serviços.
As ações de qualificação das equipes estão embasadas em normativas do Ministério da Saúde, que determina que estes locais estejam com as portas abertas para atender a demanda da população. Esse processo de reestruturação é o ponta pé inicial para o funcionamento da chamada “Clínica da Família”.
A implantação desse modelo de atendimento é gradual e já em funcionamento em sete Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs): Parque do Sol, Botafogo, Paulo Coelho Machado, Itamaracá, Ana Maria do Couto, Antártica e Portal Caiobá II.
O objetivo do acolhimento à demanda espontânea é construir o histórico de vínculo entre os usuários e os profissionais, ouvir as necessidades dos pacientes, prestar o atendimento adequado em todas as situações de complicações de saúde como, por exemplo, febre branda ou alta, dores agudas ou crônicas, luxações ou fraturas e outras demandas.
“Temos que desconstruir a imagem de que a UBS só serve para o usuário realizar consultas programadas e quando estiver em estado mais agravado deve procurar a uma unidade de pronto atendimento. As unidades básicas podem atender os casos agudos, como dores crônicas, febres, náuseas, dores de cabeça e muitas outras complicações”, disse o coordenador da Rede de Atenção Básica, Gabriel Valdes.
O acolhimento deve funcionar como forma de inclusão dos usuários e pressupõe que não apenas determinados grupos populacionais (portadores de agravos mais prevalentes ou recortes a partir da faixa etária como: adolescentes ou idosos) são objeto privilegiado do trabalho das equipes, mas também as pessoas que apresentam necessidades de saúde que não estão contempladas nesses critérios.
As demandas espontâneas são de usuários que procuram as UBSs sem consultas agendadas, mas que necessitam de atendimento. Sendo assim, podem ser cuidados na atenção básica, por exemplo, tanto um portador de hipertensão arterial como alguém com gastrite. Além disso, a ampliação de acesso se dá, também, uma vez que contempla adequadamente tanto a agenda programada quanto a demanda espontânea, abordando-se cada uma dessas situações segundo as especificidades de suas dinâmicas e tempos.
O fluxograma de atendimento que está sendo implantado nas sete unidades básicas de saúde pode ser alterado conforme as necessidades de cada local e discutido entre Conselho Local, profissionais e usuários. Esse fluxo parte do pressuposto de que a recepção é o primeiro contato e de que, havendo situações imprevistas cuja avaliação e definição de oferta precisa de cuidado não seja possível na recepção, deve haver um espaço adequado para a escuta qualificada, análise da demanda do paciente e dependendo dos casos, intervenções de atendimento mais específicas.
“Não podemos burocratizar o acolhimento e o fluxo do usuário na unidade, mas facilitar o atendimento e oferecer resolutividade e capacidade de cuidado da equipa para com este paciente”, afirmou Gabriel.
O paciente ao chegar na UBS ele é recepcionado por uma profissional que conhece todo o funcionamento da unidade de saúde, sendo encaminhado para os respectivos setores. No caso da demanda espontânea (sem consulta agendada) a necessidade deste paciente é ouvida e avaliado a gravidade da demanda, sendo atendido em tempo adequado.
Se o problema for agudo, o paciente é encaminhado para uma equipe que estará preparada para classificar a gravidade da necessidade, ou seja: se necessita de atendimento imediato, prioritário ou pode ser atendido no mesmo dia. Essa classificação de risco visa determinar enquanto tempo ele será atendido.
Como o próprio nome diz, em situações de atendimento imediato, os profissionais da unidade básica de saúde (enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos) se mobilizam para prestar o atendimento adequado e em situações graves encaminharem o paciente para uma unidade de pronto atendimento.
Se o caso for classificado como prioritário, o paciente será estabilizado e atendido pelo médico ou enfermeiro no intervalo entre as consultas programadas. Se o caso for mais simples, o paciente terá a consulta agenda para o mesmo dia, tendo a sua demanda atendida, conforme mostra o fluxograma abaixo.
Após o atendimento necessário o paciente será orientado, encaminhado e receber as orientações necessárias para a continuidade do tratamento, com oferta dos vários serviços oferecidos na unidade.
“Cada equipe tem autonomia para determinar como será o acolhimento da demanda espontânea, tendo como garantia o bom atendimento, a escuta qualificada e o encaminhamento necessário”, afirmou Gabriel.
O senhor Claudionor Mendes de Sá, 67 anos, chegou na UBSF Itamaracá como uma dúvida quanto ao preparo para a realização de um exame. “Procurei a unidade porque estava com duvida de como eu devo tomar os remédios antes do exame. No acolhimento fui direcionado para a enfermeira, que me orientou como eu deveria tomar os medicamentos. Melhora muito o atendimento desse jeito, porque não preciso ficar esperando por muito tempo para ser atendido”, afirmou ele.
Nas UBSFs que estão com o processo de implantação do acolhimento a demanda espontânea há a farmácia clínica, que é um serviço onde o farmacêutico realiza um atendimento individualizado ao paciente, com a finalidade de obter os melhores resultados da farmacoterapia e promover o uso racional dos medicamentos.
Após a implantação desse modelo de atendimento nas sete UBSFs, o objetivo é ouvir os profissionais, melhorar o que processo de acolhimento e expandir para as demais unidades.