Ela já recebeu 15 diagnósticos de câncer e faz quimioterapia há 21 anos: “Não é isso que vai me matar”

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Em 2003, Vera Lúcia Duarte, então com 65 anos, recebeu seu primeiro diagnóstico de câncer no fêmur. Recusando a amputação, ela disse à médica:

 

“Eu disse para a médica que não ia amputar porcaria nenhuma, que tinha que ter outra solução. Falei: ‘Tu vai me ver com muitos e muitos anos. Não é um cancerzinho que vai me matar'”, contou a nutricionista ao jornal Metrópoles.

Esse foi apenas o início de uma longa batalha. Nos anos seguintes, Vera foi diagnosticada com outros 14 tipos de câncer.

O fibrossarcoma, inicialmente tratado com quimioterapia, radioterapia e fisioterapia, diminuiu para apenas 20% de um nódulo. Apesar de ter usado cadeira de rodas e bengala, ela hoje possui todos os movimentos do membro afetado.

O câncer, no entanto, se espalhou. Em 2005, ela foi diagnosticada com metástase na epitelióide, um tipo raro de câncer de partes moles.

 

Posteriormente, o câncer atingiu o fígado (2008), a tireoide (2008), o ovário (2011), as trompas (2013), o colo do útero (2015), a pleura (2018), a cabeça e o ouvido (2021), e mais recentemente, o melanoma (câncer de pele) e a vagina (2023).

Devido à doença, Vera precisou remover as amígdalas, as trompas e colocar uma prótese na região vaginal afetada pelo tumor. Em seus 21 anos de luta contra o câncer, ela nunca interrompeu o tratamento com quimioterapia.

Atualmente, Vera é presidente da Associação Amor a Vida (AMOVI), uma entidade sem fins lucrativos que apoia pessoas enfrentando o câncer em Criciúma, Santa Catarina.

Digo que sou um milagre e tudo que faço é em prol deles. Não penso na minha vida, porque sou uma caixinha de surpresas. Já estou com prazo de validade vencido… o que vem pra mim é lucro concluiu

 

Detecção precoce do câncer pode ser eficaz

De acordo com o oncologista Bernardo Garicochea, diretor de oncogenética da Oncoclínicas e diretor clínico de câncer hereditário da OC Medicina de Precisão, o surgimento das células cancerosas e das metástases são fenômenos complexos e ainda não totalmente compreendidos dentro da biologia humana.

As células funcionam como se fossem uma orquestra, cada uma desempenha sua parte. Quando uma começa a sofrer mutações, a cada nova mudança ela fica independente das outras, até que chega um momento em que nem é mais reconhecível como uma célula que já foi normal. A partir desse momento, ela começa a mudar todo o ambiente em volta para que possa se defender do ataque do sistema imunológico, roubar nutrientes, criar mecanismos de sobrevivência e se multiplicar explica

A prevenção e a detecção precoce são as formas mais eficazes de curar o câncer, que precisa de tempo para acumular mutações.

 
Ela Já Recebeu 15 Diagnósticos De Câncer E Faz Quimioterapia Há 21 Anos: &Quot;Não É Isso Que Vai Me Matar&Quot;
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O médico esclarece que quanto mais se demora para intervir e interromper essas mudanças, mais resistentes as células se tornam, dificultando a sua destruição.

Através de exames regulares, as alterações serão vistas em exames de imagem. Se detectadas lesões muito iniciais, a probabilidade dessas células terem acumulado mutações é muito pequena. A taxa de cura desses pacientes é quase 100% afirma Garicochea

Sobre o caso de Vera, Garicochea explica que cada tipo de câncer possui tratamentos específicos, que dependem da fase da doença, das características do paciente, da idade e das condições clínicas. Todos esses fatores são considerados para decidir o tratamento mais adequado.

 

É uma situação extremamente rara. Sabemos há muito tempo que uma pessoa com câncer tem mais chances de desenvolver um segundo do que alguém que nunca teve a doença. Se o paciente fez muita quimioterapia, também há um risco maior de desenvolver outros tipos de câncer esclarece