Professora trans que se vestiu de Barbie pede afastamento da escola

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Professora travesti, Emy Mateus Santos, de 25 anos, pediu afastamento da Escola Municipal Irmã Irma Zorzi, por cinco dias, após ‘enxurrada’ de denúncias e ataques verbais que vem recebendo nas redes sociais.

Emy é uma mulher transexual e atua como professora há um ano no ensino básico público da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande (Reme).

Atualmente, ela está lotada na Escola Municipal Irmã Irma Zorzi, localizada na rua Guaianas, número 260, vila Silvia Regina, em Campo Grande.Mas, por ora, está temporariamente afastada. 

Os ataques começaram quando ela se fantasiou de Barbie para receber os alunos no primeiro dia de aula, em 10 de fevereiro de 2025, na E.M. Irmã Irma Zorzi. Veja os vídeos:

 
A atitude da docente causou polêmica nas redes sociais e virou alvo de denúncias da população e de políticos de direita.

Deputado estadual João Henrique Catan (PL) e vereador André Salineiro (PL) se mostraram indignados com a atitude da professora e manifestaram repúdio nas redes sociais.

“Um professor da Rede Pública Municipal está mostrando para alunos de sete anos de idade como que se veste montada de travesti. Um homenzarrão querendo levar a ideia para alunos de sete anos de idade que o professor homem precisa ter tetas. Eu quero saber e quero oficiar a rede pública e a comissão de Educação aqui da Assembleia também quem é esse professor e quem é esse diretor que permitiu que o professor entrasse dentro da sala de aula fantasiado de travesti. Quer dizer que esse é o dress code? Esse é o uniforme? Mostrar um professor de saia e de teta. Que que isso? Isso está no plano de ensino? Está no conteúdo pragmático?” questionou Catan, de forma indignada.

“A escola é um local para a criança aprender aquilo que é importante para o seu desenvolvimento e não para virar palco para o que insistem em chamar de “arte”. É inadmissível as crianças da escola municipal irem para a aula pra ver isso. Estou aguardando resposta e providências da nossa secretaria de educação. Você deixaria seu filho participar desta aula?”, indagou Salineiro.

O vídeo da professora chegou até em Brasília, quando o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também atacou a docente pelas redes sociais.

“Porque nunca em asilos? Ou para doentes? Ou sem teto? Porque é sempre para as crianças?”, questionou o deputado.

Na internet, a professora se defendeu dizendo que foi convidada a se fantasiar de Barbie para receber as crianças de uma forma diferente no primeiro dia de aula, em um dia especial de comemoração.

“Sou uma profissional, uma educadora, estudei para isso, sou uma mulher Trans, sou travesti essa é minha identidade, arte é arte, foi um dia especial na escola, fui convidada a me fantasiar para receber as crianças de forma diferente para o primeiro dia de aula! Meu plano de aula está correto, tudo encaminhado com muito cuidado, trabalhando a criatividade e imaginação das crianças! Tenho meus documentos retificados, tenho diploma, tenho família e sou muito respeitada, porque minha vida é lutar para um mundo melhor e sem preconceito! Espero que a justiça seja feita!!!”

Emy Santos explicou que, na semana anterior ao início das aulas, ficou decidido que todos os professores iriam fantasiados no primeiro dia. “Tivemos uma semana pedagógica na semana anterior. Preparamos uma recepção para as crianças. Foi sugerido que fôssemos fantasiados para recebê-las, trabalhando a ludicidade e a brincadeira. Uma professora foi de cozinheira, outra de princesa, e eu fui de Barbie”, explicou.

Ela afirmou que recebe muitos ataques verbais na internet e que está com medo e evitando sair de casa nos últimos dias.

Em 13 de julho de 2024, a professora postou nas redes sociais um breve relato de como é ser uma mulher trans e trabalhar como professora na rede básica de ensino público de Campo Grande.

“Os seis primeiros meses de uma travesti preta na educação básica pública de Campo Grande: quero compartilhar com vocês uma experiência muito profunda que estou tendo como professora e quero adiantar que não tem problema nenhum com as minhas crianças de eu ser quem eu sou. Já o contrário dos meus colegas de trabalho que de certa forma incomoda quem eu sou, que são de alguma forma disfarces do preconceito que algumas pessoas têm”, compartilhou a docente nas redes sociais.

A professora tem 25 anos e trabalha há um ano na Rede Municipal de Ensino de Campo Grande (Reme). Já passou pelas Escolas Municipais Licurgo de Oliveira Bastos (Nasser) e Irmã Irma Zorzi (Vila Silvia Regina).