A pesca predatória coloca em risco o meio ambiente, o turismo e o sustento de pescadores profissionais de Porto Murtinho, município pantaneiro localizado a 413 quilômetros de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai. Denúncia de moradores aponta que exemplares de pacu, pintado e dourado, preferidos por turistas e comerciantes, estão cada vez mais raros em decorrência da captura em massa, feita com petrechos proibidos, como redes, anzóis de galho e espinhéis, entre outros.
Quem vive na região garante que o cenário é reflexo da falta de fiscalização por parte da Polícia Militar Ambiental (PMA) e de outros organismos, que não dispõem de estrutura suficiente para monitorar os rios da região. A bacia hidrográfica é extensa, composta pelos rios Paraguai, Apa, Nabileque, Aquidabã, Perdido e Branco, além das cachoeiras do Apa e Cachoeirão, integrando a maior área úmida do planeta e habitat de mais de 263 espécies de peixe.
Pescador profissional há 16 anos, Anderson Salcedo, 42, afirma que a produção reduziu drasticamente e já não é a mesma de alguns anos atrás. Deste modo, quem sobrevive da pesca é obrigado a buscar outros meios de sobrevivência, assim como ele, que também é empresário. “Antes, dava pra pegar de 10 a 20 pacus num dia de trabalho, mas hoje é raro encontrar um. É preciso ir longe; mas, como a gasolina está cara, às vezes não compensa abastecer o bote”, disse.