A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), desconsidera a hipótese de o ex-presidente Lula ter a prisão decretada. “Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente. AÃ, vai ter que matarâ€, afirmou Gleisi, na 2ª feira (15.jan.2018), ao Poder360.
Para a petista, se a sentença do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, for confirmada pelo TRF-4, significará que “eles [os juÃzes] desceram para o ‘play’da polÃtica […] No ‘play’ da polÃtica nós vamos jogar (…) E vamos jogar pesadoâ€.
A senadora também negou que uma decisão que mantenha a condenação de Lula possa tirá-lo da disputa pelo Planalto. “A candidatura vai ser decidida na Justiça Eleitoralâ€, disse.
A prioridade do PT é registrar a candidatura de Lula em 15 de agosto e entrar com todos os recursos possÃveis. A sigla quer garantir a foto do ex-presidente nas urnas, mesmo que a candidatura venha a ser impugnada. “Como é que vai cassar o voto de 40, de 50 milhões de brasileiros?â€, questiona Gleisi.
A petista reafirma que o partido não tem um plano B para lançar como candidato à Presidência. Mesmo que tenha a condenação confirmada em 2ª Instância, Lula “terá o seu registro de candidaturaâ€.
“Essa condenação não tem nada a ver com a candidatura. A candidatura do Lula vai ser decidida na Justiça Eleitoral. Porque a candidatura só se resolve na Justiça Eleitoral. É em outra esfera. Não tem nada que nos impeça de registrar Lula como candidato no dia 15 de agostoâ€, afirmou.
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JULGAMENTO DO TRF-4
A presidente do PT espera 1 único resultado no julgamento do dia 24: que o ex-presidente Lula seja absolvido. Para ela, “esse seria o único resultado capaz de resgatar a seriedade da Justiça brasileira e mostrar para o Brasil e para o mundo que há isenção no Poder Judiciárioâ€.
Caso contrário, a senadora afirma que o processo “vai continuar eivado de vÃcio, de distorções e de problemasâ€.
A senadora defende que na ação em que Lula foi julgado não há “condições jurÃdicas, probatórias, processuaisâ€Â para condená-lo, e menciona o livro “Comentários a Uma Sentença Anunciada – O Processo Lulaâ€, escrito por 122 juristas, segundo ela, de posicionamento apartidário.
CENÃRIOS ELEITORAIS
Para as eleições deste ano, a presidente do PT já tem um mapeamento de candidaturas de senadores e deputados. A meta do partido é aumentar a bancada na Câmara. Atualmente, a legenda conta com 57 deputados em exercÃcio na Casa.
Para o Senado, a sigla quer chegar próximo à quantidade de representantes que o partido elegeu em 2010 –foram eleitos 11 senadores, compondo uma bancada que passou a ter 14 representantes. “A gente acha que tem a condição de eleger mais 7 a 8 senadores, que é uma boa bancadaâ€, calcula Gleisi.
Para os Estados, a prioridade do partido será manter os governos nos quais o PT já governa. Mas no Rio Grande do Norte, por exemplo, a sigla deve lançar a senadora Fátima Bezerra como postulante ao governo. Segundo Gleisi, ela tem apresentado 1 bom desempenho nas pesquisas.
“Nos Estados onde a gente já governa, que são 5 [BA, AC, MG, CE e PI], todos os governadores estão bem avaliados, nós acreditamos na reeleição. E aà eles mesmos estão conduzindo o processo da polÃtica de alianças, que já deu sustentação a eles em eleições passadasâ€, disse a senadora ao Poder360.
Gleisi não pretende se candidatar à reeleição no Senado. “Eu devo ir para deputada federal. É a discussão que a gente está fazendo, nós estamos priorizando a chapa para deputados federais e a configuração de majoritários no Paraná para essa eleição é mais difÃcilâ€, afirmou.
DILMA ROUSSEFF
Segundo Gleisi, a ex-presidente ainda não definiu os planos para as eleições e qual seria o seu domicÃlio eleitoral, se Rio Grande do Sul ou Minas Gerais. Dilma também recebeu convites para ser candidata no Nordeste.
A decisão deve ser tomada em abril. “Ela, eu acho que seria muito bom para o partido tê-la como senadoraâ€, disse a petista.
ATOS EM PORTO ALEGRE
O PT marcou uma série de atos para acompanhar o julgamento do recurso do ex-presidente Lula no TRF-4. A senadora viaja para o Rio Grande do Sul em 22 de janeiro. Participa de 1 evento com juristas internacionais e com intelectuais, de manhã. De tarde, será relançado o livro com artigos de 122 juristas que criticam a sentença de Moro.
No dia 23, Gleisi participa de 1 encontro de mulheres, com a presença da ex-presidente Dilma Rousseff. À tarde, haverá 1 evento do Fórum Social Mundial. O linguista e pensador norte-americano Noam Chomsky participa de uma teleconferência. O ato será seguido de uma caminhada e uma vigÃlia que vai se estender até o final do julgamento do TRF-4.
LAVA JATO
A senadora Gleisi Hoffmann é ré em processo da Lava Jato que corre no Supremo Tribunal Federal. Ela foi denunciada pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação penal pela qual responde junto com o marido Paulo Bernardo, ex-ministro das Comunicações no governo Dilma e do Planejamento no governo Lula.
Gleisi nega a autoria dos crimes e pede a absolvição sob a alegação de que não há provas conclusivas contra ela. Em 19 de dezembro, a defesa da senadora apresentou suas alegações finais neste processo.
‘FORÇA DE EXPRESSÃO’
Com a repercussão da entrevista da senadora ao Poder360, Gleisi se manifestou no Twitter. Disse que sua fala ao portal foi “força de expressão para dizer o quanto Lula é amado pelo povo brasileiroâ€. A senadora reiterou as crÃticas que tem feito ao processo que envolve o ex-presidente Lula. O petista foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do trÃplex do Guarujá. Segundo a presidente do PT, a condenação foi feita sem provas.
Na minha fala ao site Poder 360, usei uma força de expressão p/ dizer o quanto Lula é amado pelo povo brasileiro. É o maior lÃder popular do paÃs e está sendo vÃtima de injustiças e violências q atingem quem o admira. Como ñ se revoltar c/condenação s/ provas? PolÃtica e injusta
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) 16 de janeiro de 2018