Contratado para matar prefeito recebeu só 25% porque não conclui serviço

 / Geisy Garnes

Gabriel Queiroz, de 26 anos, contratado para matar o prefeito de Paranhos, Dirceu Bettoni (PSDB), afirmou à polícia que não recebeu o valor combinado por não ter conseguido “concluir o serviçoâ€. Ele receberia R$ 20 mil, mas ficou apenas com R$ 5 mil, pagos antes do crime por um intermediário do mandante da execução.

O crime aconteceu na noite de quinta-feira (14) e Gabriel acabou preso por policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) no sábado (17), enquanto tentava fugir para Campo Grande com a mulher, Djuly Priscilla Couto, de 28 anos.

 
 

Em depoimento, disse que trabalhava como auxiliar de enfermagem em Campo Grande, mas há dois anos se envolveu com o contrabando de cigarro e chegou a “puxar†a mercadoria do Paraguai para o Brasil.

Segundo ele, foi nessa época que conheceu o contratante do crime, identificado como Cláudio, um vendedor de cigarros paraguaiso na região de Salto del Guairá. A proposta para matar o prefeito veio no começo do mês, por WhatsApp, garante. Por mensagem, o suspeito ofereceu o “serviço†a Gabriel que aceitou, com a promessa de receber R$ 20 mil.

No dia 10 de junho, ele viajou para a fronteira com a esposa. Em Sete Quedas encontrou Jomar Lemes, funcionário do mandante do crime. Em uma Fiat Strada vermelha, o suspeito levou Gabriel até a casa do prefeito e pelo celular, mostrou a foto de Bettoni, segundo o autor, sem falar o nome do alvo. Com o “negócio fechadoâ€, o pistoleiro recebeu R$ 5 mil antecipado.

O dinheiro foi depositado por Cláudio e usado por Gabriel na compra da moto usada no crime. Ele alegou ter pago R$ 1,5 mil no veículo, mas contou que a moto acabou apresentando problemas mecânicos e por isso precisou voltar na oficina para trocou a motocicleta.

Na noite do dia 14 de junho, o pistoleiro foi até Paranhos e viu o momento em que o prefeito chegou em casa com a caminhonete Hilux. Ele então virou a esquina, estacionou a moto e voltou a pé. Em depoimento, ele afirmou que se aproximou, abriu a porta do veículo e se deparou com a vítima ainda na caminhonete.

Assustado, o prefeito teria chutado o autor, que disparou várias vezes. Gabriel lembrou que estava com dois revólveres, um calibre 38 e um 32. Sacou primeiro o revólver calibre 32, descarregou a arma, guardou no casaco e pegou a 38, fez novos disparos e fugiu. Bettoni foi atingido por quatro tiros e foi socorrido ao Hospital do Coração de Dourados.

Depois do crime, o autor abandonou a moto e esperou a mulher em um bar. Gabriel contou que após fugir de Paranhos foi até a casa de Cláudio, em Salto del Guairá. Lá, o cigarreiro ligou para o mandante do crime e foi informado que não depositária os R$ 15 mil, já que o pistoleiro “não havia conseguido matar o prefeitoâ€.

Sem receber o dinheiro, o casal tentou voltar para Campo Grande e acabou abordado na BR-163, próximo a Rio Brilhante. Com a prisão preventiva já decretada, Gabriel foi enviado a Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o presídio de segurança máxima de Campo Grande e Djluy para o Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorziâ€, ambos na Capital.

 
Gabriel foi preso em flagrante no sábado (Foto: Divulgação)Gabriel foi preso em flagrante no sábado (Foto: Divulgação)

O mandante - Conforme apurado pelo Campo Grande News, o mandante do crime seria um brasileiro, morador do Paraguai, conhecido como “Treme Terraâ€.

A motivação para a tentativa de execução não foi confirmada pela polícia, mas informações apontam que a causa foi um desacordo na venda de uma fazenda em território Paraguai. Dirceu Bettoni teria vendido a propriedade ao suspeito, que não pagou o valor combinado no negócio.

Para tentar reaver as terras, o prefeito de Paranhos entrou com uma ação na justiça paraguaia. A ligação entre “Treme Terra†e o crime, teria sido confirmado por Jomar Lemes, que acabou assassinado a tiros na tarde de domingo (17), logo após prestar depoimento e deixar a Delegacia de Polícia Civil da cidade.

No meio do ano passado, o suspeito foi apontado pela polícia Paraguaia como o proprietário de uma fazenda de plantação de maconha, na cidade de Itanará. No local foram encontrados 15 hectares da planta, já pronta para colheita. O caso é investigado em segredo de justiça.