Estado tem queda de até 8,8% nos abates em indústrias

 / DANIELLA ARRUDA E EDUARDO FREGATTO

Mato Grosso do Sul registrou queda de 8,87% no abate de bovinos, no terceiro trimestre deste ano, no comparativo com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados das Pesquisas Trimestrais da Pecuária, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de cabeças de bovinos abatidas recuou de 876,83 mil para 799,04 mil. Com este resultado, o Estado apresentou a maior redução em volume de abate de bovinos entre as unidades da federação no período. Apesar da retração, MS ocupa a terceira posição em abates de bovinos, com 9,7% da participação nacional, atrás de Goiás (10,3%) e Mato Grosso (17,2%).

“O estoque de gado vem diminuindo diante das dificuldades do setor. Baixo valor da arroba e margem de lucro ruim fazem com que o produtor entenda que operações ligadas à agricultura são muito mais interessantes e com margens de lucro muito melhores”, avalia Júlio Brissac, analista-chefe e estrategista de mercado da pecuária de corte da Rural Business. “Muitos produtores optam por arrendar suas terras ou por migrar para outra atividade ligada à agricultura, o que explica a retração do volume de abates em MS”, avalia.

No 3º trimestre de 2018, foram abatidas 8,28 milhões de cabeças de bovinos no País, quantidade 3,7% maior que a do 3° trimestre de 2017 e 7,1% acima da registrada no trimestre imediatamente anterior, afetado pela greve dos caminhoneiros. O abate de 292,63 mil cabeças de bovinos a mais no 3º trimestre de 2018, em relação ao mesmo período do ano anterior, foi impulsionado por aumentos em 19 das 27 unidades da Federação.

Entre aquelas com participação acima de 1,0%, ocorreram aumentos em: Mato Grosso (+ 100,24 mil cabeças), Rio Grande do Sul (+ 71,93 mil cabeças), Tocantins (+ 52,33 mil cabeças), Rondônia (+ 52,19 mil cabeças), Paraná (+ 43,98 mil cabeças), Bahia (+ 29,43 mil cabeças), Santa Catarina (+ 12,08 mil cabeças), Goiás (+ 7,9 mil cabeças), Pará (+ 3,76 mil cabeças), São Paulo (+ 1,29 mil cabeças), Acre (+  1,13 mil cabeças) e Maranhão (+ 0,84 mil cabeças).

Em contrapartida, as maiores reduções ocorreram em: Mato Grosso do Sul (- 77,80 mil cabeças) e Minas Gerais (- 14,47 mil cabeças). Mato Grosso continua liderando o abate de bovinos, com 17,2% da participação nacional, seguido por Goiás (10,3%), e Mato Grosso do Sul (9,7%).

Segundo o gerente da pesquisa, Bernardo Viscardi, o crescimento no abate de bovinos, tanto no Brasil quanto em Mato Grosso, pode ser explicado pelo aumento das exportações. “Vemos que os preços competitivos no mercado externo impulsionaram o abate de bovinos, quando comparamos com o terceiro trimestre do ano passado. Inclusive, Mato Grosso, que foi líder no abate de bovinos, também ficou em primeiro lugar entre os estados que mais exportaram carne
bovina”.

Frango

O Estado também registrou queda no número de abates de cabeças de frango no terceiro trimestre de 2018. Foram 3,40 milhões de cabeças a menos, de acordo com os números do IBGE. No País, foram abatidas 1,43 bilhão de cabeças de frangos, um resultado 3,8% menor do que o obtido no mesmo período de 2017, porém, apresentando aumento de 3,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Comparando-se os nove primeiros meses do ano, agosto teve o segundo maior volume de cabeças abatidas, atrás apenas de janeiro.

“Grande empresas, como a BRF, vêm passando por uma crise muito grande ao longo do ano de 2018, sendo obrigadas a diminuírem suas produções. Isso gerou quedas no País todo”, avalia o especialista.

Suínos

Em contrapartida, Mato Grosso do Sul apresentou crescimento no abate de suínos. Foram 86,07 mil cabeças a mais no terceiro trimestre de 2018, frente ao mesmo período de 2017, o que contribuiu para o aumento nacional, que totalizou 11,56 milhões de cabeças de suínos, resultado 6,8% superior ao trimestre anterior e 4,7% maior frente ao mesmo período de 2017.

“O crescimento no volume de animais abatidos foi em decorrência principalmente do aumento da demanda do mercado interno, que naturalmente aumenta no segundo semestre, e pelas exportações. No entanto, o resultado não foi recorde em termos de faturamento, muito por conta da diminuição das importações russas”, acrescentou o gerente.