Apenas pedras e capim pairam no leito seco onde deveria correr água até o Rio Salobra. Além do desastre ambiental, o problema na nascente de um dos principais afluentes do Miranda ameaça o desenvolvimento do turismo em uma região ainda pouco explorada da Serra da Bodoquena.
“Se encontra seca por motivos que serão averiguados. É necessária uma perícia. A água não desce mais. A gente desconfia que tenha sido desviado para utilização dessa nascente, seja para irrigação ou outra coisa”, conta.
A nascente fica em área de morraria e é conhecida como Salobrão, que junto com a Salobrinha forma o Salobra. Segundo o biólogo, o leito seco oferece perigo ao rio, já que serve de canal para carreamento de sedimentos pela força da água das chuvas.
“As margens já não têm mata ciliar nenhuma. Qualquer chuva vai carregando sedimentos para o fundo do leito do Salobra sem nenhum tipo de filtração. Vai com agrotóxico, tudo. Esse barro vermelho vai deixando o rio cada vez mais turvo, com águas escuras, e vai assoreando o leito”, detalha Barreto.
Próximo das nascentes, o Salobra percorre terrenos de origem caucárea, o que deixa a coloração de suas águas parda, leitosa e esverdeada. Na planície, as águas tornam-se quase cristalinas ao serem filtradas nos aguapés dos corixos e baías.
De acordo com o biólogo, há esperança de recuperação da nascente, mas a intervenção deve ser imediata. A reportagem procurou o Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), que não retornou até a publicação da matéria.
A região do Salobra ameaçada tem potencial turístico que passou a ser melhor explorado recentemente, com parques e refúgios às margens do rio. As cachoeiras são as grandes atrações, das quais a Boca da Onça é a principal, com 156 metros de altura. O local ainda é propício para prática de trilhas e rapel.
Os danos aos cursos d’água são enquadrados como crimes contra a fauna pela lei 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais.