Pesquisas do IFMS abordam de modelagem 3D a mundo do trabalho em Jardim

 / Cleyton Lutz

Com cursos técnicos e de graduação nos eixos de Informação & Comunicação e Infraestrutura, os projetos de pesquisa do Campus Jardim do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) se debruçam sobre diversos temas que vão do uso da inovação tecnológica no processo de ensino-aprendizagem à investigação sobre a qualificação dos trabalhadores da construção civil no município.

A unidade – que iniciou atividades em 2014 e hoje oferta os cursos técnicos integrados em Edificações, Informática, Informática para Internet e Manutenção e Suporte em Informática, além das graduações em Arquitetura e Urbanismo (bacharelado) e Computação (licenciatura) – possui nos dois eixos tecnológicos o foco de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. 

Um dos projeto desenvolvidos no ciclo 2018-2019 da Iniciação Científica do IFMS foi “Uso da impressão 3D no processo ensino-aprendizagem”. Coordenada pelo professor de Física do campus, Antonio de Freitas Neto, a pesquisa busca fomentar o desenvolvimento científico através de técnicas de modelagem 3D para a elaboração de objetos e experimentos didáticos voltados ao ensino de Ciência Exatas. 

Utilizando-se da modelagem por intermédio de programas livres e das impressoras 3D do campus, o projeto deu origem a customização de objetos lúdicos e científicos, destinados à elaboração do conhecimento de forma verticalizada, dinamizando o processo de aprendizagem. 

“No contexto escolar, as técnicas de modelagem agregadas ao boom da impressão 3D tem possibilitado a criação e customização de objetos que proporcionam a visualização de experimentos e até mesmo dos laboratórios. Dessa forma, professores e alunos podem visualizar todo o processo de construção do conhecimento, realizando a transformação da informação em conhecimento”, explica o docente.

Objetos didáticos – Os itens gerados na primeira etapa do projeto servirão para atividades práticas de Física como pêndulo de Newton, associação de espelhos planos e motor elétrico, dispositivos que poderão ser utilizados nas aulas do ensino médio e técnico integrado. O uso deles para a montagem de laboratórios reduz tempo e recursos gastos na compra de equipamentos. 

O desenvolvimento do projeto teve a participação do pedagogo do campus, Tadeu Loibel, e dos estudantes bolsistas Sara Loubet e Leonardo Albuquerque, ambos do curso técnico integrado em Informática. 

“Desenvolver objetos para auxiliar em sala de aula é muito importante porque você imagina o aluno tendo contato com eles. Eu passei a entender melhor a utilidade dos objetos conforme o projeto avançava. Trata-se de algo inovador e necessário”, comenta Sara, estudante do 6º semestre. O tema do projeto será utilizado por ela na elaboração do seu trabalho de conclusão de curso. 

Objetos didáticos desenvolvidos serão utilizados nas aulas de Física

 

Recentemente, os resultados foram apresentados na 71ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no mês passado em Campo Grande. Os bolsistas também participaram da última edição da Feira de Ciência e Tecnologia da Região Sudoeste (Fecioeste), realizada pelo Campus Jardim. 

A continuação da pesquisa foi aprovada para o ciclo 2019-2020 da Iniciação Científica do IFMS, com a concessão de bolsas. 

“Uma ideia que temos é ampliar o projeto futuramente para outras áreas, como Biologia e Química, por exemplo. Durante todo o processo de pesquisa e fabricação dos protótipos, houve muita troca e ganho de conhecimento por parte dos envolvidos", informa Antonio. 

 

Estudante Leonardo Albuquerque apresentou projeto sobre modelagem 3D na SBPC, em Campo Grande

 

Qualificação – Se por um lado as pesquisas do campus se preocupam com o processo de ensino-aprendizagem, por outro lado elas se concentram no mercado de trabalho. É o caso do projeto “Investigação da qualificação da mão de obra e técnicas construtivas utilizadas em obras correntes no município de Jardim”, coordenado pelo professor da área de Edificação/Engenharia Civil, Jonas Costa. 

A pesquisa se utilizou da aplicação de questionário estruturado e observações nas obras em execução na cidade. Foram coletados dados referentes à educação formal, capacitação técnica e conhecimento de saúde no trabalho. Já os índices que dizem respeito às técnicas construtivas tiveram como parâmetros os processos construtivos, inovações tecnológicas e segurança no canteiro de obras. 

“As observações servirão como parâmetros para que ações visando a conscientização e qualificação dos trabalhadores sejam propostas pelo IFMS em Jardim. Além do impacto social positivo na vida profissional dos trabalhadores, tais ações poderão resultar em maior segurança e produtividade nos canteiros de obras, melhoria na qualidade dos serviços executados e redução do desperdício de materiais”, destaca o docente. 

O projeto teve a participação dos estudantes Mateus Oviedo e Pedro Lucas Candia, dos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo e técnico em Edificações, respectivamente, que atuaram como voluntários, e do professor da área de Edificações/Geotécnica, Roberto Branco. 

“A pesquisa permitiu compreendermos o funcionamento e organização das obras. Nosso intuito é fornecer dados para que o instituição possa oferecer cursos de qualificação em construção civil, de maneira que o trabalho não fique só na esfera profissional, mas na social também. É uma iniciativa de longa duração, importante para a cidade”, aponta Mateus, acadêmico do 4º semestre do curso de Arquitetura e Urbanismo. 

Entre os resultados verificados até agora estão o número significativo de profissionais da área que exercem atividades paralelas, que a maioria trabalha na construção civil há mais de três anos e que em geral eles fazem ressalvas quanto à segurança no trabalho, sendo que um quarto dos entrevistados já relataram ter sofrido algum tipo de acidente no canteiro de obras. 

Parte dos dados levantados foram apresentados na última edição do Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica do IFMS (Semict), promovido durante a SBPC. Está prevista continuidade o projeto. “Temos a intenção de ampliar a pesquisa, para conseguir dados de mais trabalhadores da construção civil e também de profissionais da área técnica como engenheiros, arquitetos e técnicos em edificações”, ressalta Jonas.  

Projeto sobre mapeamento da mão de obra na construção civil em Jardim teve a participação dos estudantes Mateus Oviedo e Pedro Lucas Candia

 

Investimentos – No ciclo 2018-2019 foram investidos quase R$ 10 mil nos projetos do Campus Jardim, em recursos próprios do IFMS e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No total, sete estudantes foram contemplados com bolsas de iniciação científica. 

Desde 2016, foram desenvolvidos 26 projetos de iniciação científica, que envolveram 50 estudantes entre bolsistas e voluntários. No mesmo período, os projetos da unidade receberam R$ 2,3 mil como apoio e incentivo à pesquisa e inovação, para o custeio de despesas com os projetos. 

Feiras – As últimas três edições da Feira de Ciência e Tecnologia da Região Sudoeste (Fecioeste) reuniram 121 trabalhos de estudantes do ensino fundamental, médio e técnico integrado, de escolas públicas e privadas, de Jardim e de municípios do entorno, que fazem parte da área de abrangência do campus do IFMS. 

As inscrições para a edição 2019 seguem abertas. Podem participar da Fecioeste estudantes das escolas de Bela Vista, Bonito, Caracol, Guia Lopes da Laguna, Jardim, Nioaque e Porto Murtinho. A feira será realizada nos dias 3 e 4 de outubro, no Campus Jardim. 

As pesquisas desenvolvidas por estudantes e docentes da unidade acumulam 35 participações e 19 prêmios em eventos estaduais e nacionais e internacionais, como a Feira de Tecnologias, Ciências e Engenharias de MS (FetecMS), Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec). 

No mesmo período, 37 estudantes do IFMS em Jardim receberam apoio institucional para participar de eventos.