Ao abrir a 8ª Reunião do Corredor Bioceânico, que segue até esta quinta-feira (22.8), em Campo Grande, o governador Reinaldo Azambuja destacou os avanços no campo da geopolítica e da infraestrutura entre Brasil, Paraguai, Argentine e Chile, reafirmando seu otimismo na consolidação da nova rota de integração comercial a curto prazo. O encontro, realizado no Hotel De Ville, conta com a presença de representantes dos quatro países.
Reinaldo Azambuja ponderou, no entanto, que o corredor vai além das questões que envolvem a logística, sendo imprescindível, enquanto se viabiliza a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, e se executa a pavimentação do tramo no Paraguai, um aprofundamento no planejamento aduaneiro para superar barreiras.
“Sonhamos desde a década de 1960 com esse caminho, que está hoje muito mais estruturado, contudo temos que tomar decisões em conjunto para eliminarmos obstáculos aduaneiro e migratório e finalizarmos uma rota em potencial quanto à competitividade, crescimento e ampliação de mercados”, disse o governador. “O corredor será mais do que um caminho para levar riquezas, vai integrar nossos povos, e essa integração não pode ter barreiras.”
Apoio da bancada federal
O governador ressaltou que muitos passos avançaram para consolidar a Bioceânica, que ligará Mato Grosso do Sul aos postos chilenos, e citou o papel preponderante que está sendo desempenhado pela bancada federal do Estado para garantir os recursos necessários em obras de infraestrutura. Citou a ação dos senadores e deputados em priorizar no Plano Plurianual (PPA) o projeto do entorno rodoviário da BR-267 à ponte sobre o Rio Paraguai, em Murtinho.
A reunião conta com a presença do chefe da Unidade de Infraestrutura da Comissão Econômica para a América Latina da ONU (Cepal), Ricardo Sánchez, último palestrante na manhã desta quarta-feira; ministro João Carlos Parkinson de Castro, do Ministério das Relações Exteriores e um dos coordenadores do Corredor Bioceânico; e dos embaixadores da Argentina, Monica Dinucci; do Chile, Roberto Ruiz Piraces; e do Paraguai, Glória Irma Amarilla.
A programação do evento segue no período da tarde com painéis sobre infraestrutura, transporte e logística, produção e comércio, simplificação dos procedimentos aduaneiros, rede de universidades e turismo. Nesta quinta-feira (22.8), os trabalhos continuam dentro dos temas, com palestra do senador Nelsinho Trad, apresentação dos resultados pelos coordenadores dos quatro países e encerramento às 11h30 pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Frete cairá pela metade
Estudos preliminares de viabilidade do corredor, apresentados pelo ministro João Carlos Parkinson de Castro, traçam um panorama de confiabilidade à nova alternativa de escoamento da produção quanto a redução dos custos de transporte e de distância entre os centros produtores do Brasil ao Oceano Pacífico. Parkinson também citou a identificação de novos fluxos de comércio e de atração de investimentos ao longo do corredor.
“A Bioceânica não beneficiará apenas o Brasil ou Mato Grosso do Sul, mas a todos os parceiros. Todos ganharão em competitividade e a redução do custo de logística é algo concreto”, disse o ministro, citando que a tonelada de uma carga trazida do porto de Antofagasta (Chile) diretamente a Campo Grande terá um custo menor de até 49%, em comparação às rotas por Uruguaiana, Foz do Iguaçu ou Ponta Porã. “Isso é muito expressivo”, frisou.
O ministro adiantou as medidas que estão sendo tomadas no sentido de tornar Campo Grande e outros centros logísticos como polos de distribuição dessas cargas, com a construção de um porto seco na Capital. Também informou que os estudos de mercado encomendados pelo governo brasileiro analisam os destinos não apenas asiáticos, mas centros consumidores do Canadá, México e a Costa Oeste americana, para identificar e atrair novos parceiros comerciais.
Brasil triplicará produção
Em relação aos tramites aduaneiros, Parkinson reforçou a fala do governador Reinaldo Azambuja sobre a importância de eliminar os desembaraços entre os quatro países para garantir fluidez das cargas para reduzir custos e tempo de parada nos postos. Ele citou que, conforme estudos, a parada de um caminhão por 72h representa um custo de R$ 3,3 mil ao transportador e perda de produtividade. Já a redução para 6h representaria apenas R$ 281,00.
Parte dos estudos de viabilidade apresentado pelo diretor-presidente da Empresa de Planejamento em Logística (EPL), do Ministério de Infraestrutura, Artur Luiz Pinho de Lima, vislumbra um aumento expressivo na produção de alimentos nos quatro países, hoje de 300 milhões de toneladas, pela capacidade de transporte do corredor. “O Brasil poderá triplicar sua produção. A Bioceânica é mais do que uma plataforma, é desenvolvimento”, disse ele.
Os embaixadores do Paraguai, Chile e Argentina também explanaram durante a reunião, reafirmando o compromisso dos países em concluir obras de infraestrutura em estradas e portos e buscar uma unidade quanto a simplificação do trânsito de cargas e pessoas. “Sem um controle de fronteira não é um corredor ideal, competitivo”, afirmou Mônica Dinucci, da Argentina. “A rota é mais do que um acordo político”, enfatizou Roberto Ruiz Piraces, do Chile.
Também participaram da abertura da Reunião do Corredor Bioceânico os secretários estaduais Eduardo Riedel (Governo e Gestão Estratégica) e Jaime Verruck (Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) o deputados federais Vander Loubet e Luiz Ovando, Carlos Marum, diretor da Itaipu Binacional, Pedro Chaves, secretário especial de Relações Institucionais e Assuntos Estratégicos do Governo de Mato Grosso do Sul no Distrito Federal, presidente da Fundação Estadual de Turismo (Fundtur), Bruno Wendling, reitor da Universidade Federal de MS (UFMS), Marcelo Turine.