“Vamos construir aqui uma das estradas ecológicas mais belas do Estado e do País”, afirmou o governador Reinaldo Azambuja, ao assinar a ordem de serviço da pavimentação de 18,4 km da MS-450, a Estrada Parque que liga os distritos de Palmeiras, em Dois Irmãos do Buriti, e Piraputanga e Camisão, em Aquidauana. A obra esperada há mais de 30 anos hoje é uma realidade e potencializará o turismo e a economia rural na região.
A chegada da infraestrutura mudou o cenário local, com o asfalto rompendo trechos rochosos e desfiladeiros que desafiaram os engenheiros da obra. A pista de terra, sinuosa e estreita entre morros, deu lugar a uma estrada larga e com segurança, garantindo acesso o ano todo. O Governo do Estado investe R$ 21,1 milhões na benfeitoria – pavimento, drenagem e uma ponte de concreto -, com previsão de entrega para dezembro desse ano.
Com 55 km de extensão, do trevo com a BR-262 ao centro de Aquidauana, a MS-450 é o principal acesso aos distritos, privilegiados pelos recursos naturais situados no entorno dos paredões de arenito da Serra de Maracaju, cortados pelo Rio Aquidauana, que dividem planalto e planície. O local é muito visitado por pescadores e amantes de esportes radicais, como trilhas e escaladas, e conta com estrutura de hotéis, pousadas e pesqueiros.
Crescimento do turismo
“Esse asfalto novo vai melhorar tudo”, diz a dona de casa Maria Amélia da Silva, 56, que reside na saída de Piraputanga para Camisão, onde, até há pouco tempo, era o final do asfalto. “A gente esperou esse asfalto a vida inteira. Vai melhorar também o acesso a Aquidauana. Quando chovia, minhas filhas não podiam ir à escola”, lembra. Ela já planeja transformar o sitio da família, ao lado do Córrego das Antas, em atrativo de trilhas e contemplação.
A infraestrutura implantada pelo Estado em uma região de forte potencial turístico é sinônimo de desenvolvimento, além de facilitar o acesso, e não animou apenas a futura empreendedora Maria Amélia. Novos empreendimentos de hotelaria estão sendo aguardados, anuncia a Prefeitura de Aquidauana. Dono de uma conveniência em Piraputanga, o radialista Jorge Faria afirma que houve valorização dos terrenos e há projetos de expansão imobiliária.
Um dos empresários que já atua na região e pretende voltar a investir é Gilberto Artero Ramos, da Pousada Sol Amarelo, maior empreendimento local, situado em Piraputangas. “A acessibilidade é fundamental para a região, onde o turismo está em evolução”, comenta. “Com certeza, o número de visitantes vai crescer e com o asfalto e essa demanda vêm mais serviços, tudo evoluirá para sedimentar o turismo na Estrada Ecológica”, aposta Artero.
Arqueologia preservada
A MS-450 é classificada como Estrada Ecológica e integra a Área de Proteção Ambiental (APA) de 10 mil hectares, criada em 2000. O complexo é um diversificado ambiente que exigiu intervenção monitorada pela Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos). A Agência realizou estudos das áreas com incidência de sítios arqueológicos, onde vários fragmentos do período pré-indígena, com milhares de anos, foram encontrados.
Como resultado das pesquisas, um trecho de 760 metros da rodovia, na confluência do Morro Paxixi, em Piraputanga, não receberá massa asfáltica para preservar uma área delimitada por arqueólogos contratados pela Agesul. O local deverá receber estrutura para visitação a um museu a céu aberto.
Nos demais trechos, a obra avança para sua conclusão. Na próxima semana, inicia-se a pavimentação do último lote, de 700 metros, entre as cabeceiras da ponte do Córrego das Antas, onde foi mantido o traçado original da rodovia, ao lado da antiga ponte de madeira. Também começa a ser executado o serviço de sinalização horizontal e vertical e implantação das muretas (guard-rail) metálicas, garantindo mais segurança no entorno dos morros.
Segundo o engenheiro responsável pela obra, Dalton Galupto, da Construtora Marins, a pavimentação está com mais de 90% concluída, com os atuais 52 operários contratados trabalhando na preparação do terreno para receber a base asfáltica, no Córrego das Antas, e serviço de recomposição da vegetação e construção de meio-fio nas margens da rodovia. “É uma obra difícil, pelas características do solo, mas de muito valor para a região”, disse ele.