A Europa está, temporariamente, cancelada. Ao menos na perspectiva do trade turístico de Bonito, a 257 km da Capital, o destino mais procurado em Mato Grosso do Sul. O motivo é o “efeito coronavírus”, já que o Sars-Cov-2 se espalha no continente europeu tanto quando o medo. Nas agências e hotéis de Bonito, nesta época de baixa temporada, o movimento aumentou, em especial do turista brasileiro, que trocou o velho continente pelo turismo ecológico.
Um dos destinos preferidos dos brasileiros, a Itália está em quarentena em todo o território, onde o número de mortes (no país povoado por muitos idosos) é o segundo maior fora da China. Com o medo de contágio do novo vírus, viajar dentro do país tem sido opção.
Apesar do efeito positivo para a economia local, o aumento vertiginoso de casos diários no Brasil – as últimas informações do Ministério da Saúde indicam 73 casos confirmados de infecção – o vírus preocupa, e agências e hotéis adotaram protocolos de higiene e de informações para os turistas que chegam.
Diretora de Sustentabilidade do Grupo Rio da Prata, Luiza Coelho afirma que não há perspectiva de redução de movimento ou de portas fechadas, o que já ocorre na Europa.
"Nosso protocolo é colocar álcool gel à disposição de turistas e funcionários. Não temos impactos e os atrativos não serão fechados. Como as medidas internacionais devem conter o avanço do vírus e na China o surto já terminou, estimamos que no Brasil o surto será pequeno e não deve impactar o setor diretamente", disse.
Agente de viagem da Agência Brasil Bonito, marca que também administra hotel na cidade, Erica Santos contou que o receito tem provocado o cancelamento de destinos no exterior e a busca por locais “mais seguros”.
“Agora com esse alerta, as pessoas estão receosas, mas como o lugar é distante, resolveram mudar o destino do exterior porque acharam que vão estar mais seguros. Bonito está mais no roteiro do que o exterior, estão preferindo viajar mais pra cá, todo mundo está pensando do mesmo jeito”, contou.
Conforme explicou, o protocolo é orientar sobre higienização e adotar questionamentos padronizados na recepção do hotel, com destaque para os turistas estrangeiros, que são perguntados “de onde vieram e como vieram”. Qualquer suspeita, disse, deve ser levada até órgão de saúde. Segundo ela, no entanto, “pessoas de fora não estão vindo”.
A auxiliar financeira da Agência Muito Bonito – que trabalha com hotel e pousada - Anne Dias, afirma que o período surpreendeu. “Aqui, esse mês é considerado baixa temporada, estamos tendo bastante visitas e procuras, reservas para março, abril, do público brasileiro”, disse.
“Recebemos orientação, e nessa questão de visitas estrangeiras, estamos apreensivos, mas aplicamos métodos de orientação que recebemos, aumentamos álcool em gel e orientamos sempre a lavar as mãos. Tentamos não fazer nenhum movimento que dê a entender que estamos com preconceito, tentamos orientar. Graças a Deus até agora não recebemos ninguém com nenhum sintoma”, comentou.
Ele disse que a empresa não adotou método de prevenção padronizado, mas que os funcionários orientam turistas e disponibilizam álcool gel nos cômodos do hostel. Por ali, Inglaterra, Alemanha e Austrália são países de onde a maioria dos turistas estrangeiros vem.
Pandemia – Declarado oficialmente pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como pandemia, ainda não há nenhum casos confirmado do novo coronavírus em Mato Grosso do Sul. Até quarta-feira (11) sete casos eram investigados no Estado.
O vírus pode causar síndrome respiratória grave, por isso é chamado de Sars, a exemplo do primeiro coronavírus diagnosticado anos atrás. O Brasil tem, até agora, 73 ocorrências conhecidas da síndrome causada pelo vírus, a Covid-19. Há novos casos suspeitos do vírus em SP, BA, RS e PE.
A forma como o coronavírus tem se espalhado no país fez com o Ministério da Saúde publicasse edital para contratar 5 mil médicos no âmbito do programa Mais Médicos. O vírus já chegou a 110 países, onde infectou mais de 126 mil pessoas e 4,6 mil delas morreram. A OMS estima que 3,4% dos pacientes morrem por causa da covid-19. Ainda assim, especialistas estimam que essa taxa de letalidade gire em torno de 2% ou menos.