Após candidatar-se a receber os 5 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) que a Secretaria de Estado de Saúde anunciou que quer trazer para a região sudoeste do Estado para reforçar as ações de enfrentamento ao novo coronavÃrus, a decisão recentemente tomada pela prefeitura começa a gerar questionamentos no meio polÃtico e profissional da área da Saúde do municÃpio.
Na manhã desta sexta-feira a vereadora LuÃsa Cavalheiro de Lima, presidente da Câmara Municipal, questionava em sua página no facebook a necessidade de, mesmo com apenas 6 pacientes e sem nenhuma internação, Bonito querer os leitos enquanto cidades com maior número de casos, maior capacidade operacional, mais recursos e mais profissionais não querem.
De acordo com a vereadora, se o custo dos leitos não for integralmente pago pelo Estado seria um "Presente de Grego" (fazendo alusão ao Cavalo de Tróia). Ela questiona também por que Bonito precisa importar pacientes infectados de outras cidades, colocando em risco os profissionais de saúde locais.
POPULAÇÃO PRECISA DEBATER O ASSUNTO
Cautelosos para não passarem a ideia de serem contrários à s ações em prol da saúde local, representantes polÃticos e profissionais da área questionam se há necessidade ou não do municÃpio receber tais leitos para internar os pacientes da região e assumir as responsabilidades decorrentes. "É um assunto que a população precisa debater", afirmam.
De acordo com a SES (Secretaria de Estado de Saúde) os leitos de UTI não atenderão apenas pacientes de Bonito, mas todos os pacientes graves com Covid-19 da região administrativa sudoeste, formada por 8 (oito) municÃpios: Bela Vista, Bonito, Bodoquena, Caracol, Guia Lopes da Laguna, Jardim, Nioaque e Porto Murtinho.
GUIA LOPES É RECORDISTA DE CASOS
Entre os municÃpios da região, Guia Lopes da Laguna lidera (nesta sexta-feira, dia 15 de maio) o número de casos confirmados de CoronavÃrus, com 62 casos, enquanto Jardim reúne 17 casos.
Em Bonito nenhum dos 6 pacientes portadores da doença está hospitalizado.
Sem leitos de UTI em Guia Lopes e Jardim, os casos de alta complexidade hospitalar da região hoje são atendidos em Campo Grande.
DIFICULDADES INCLUIRIAM CUSTOS, FALTA DE PESSOAL E DE INFRA-ESTRUTURA
Mesmo com o repasse prometido pelo governo para a manutenção das UTIs a prefeitura tem que se comprometer com uma contrapartida. Caberá à prefeitura contratar intensivistas (profissionais especializados em medicina intensiva), entre médicos e enfermeiros (além de outros profissionais) que não estão disponÃveis na região, responsabilizando-se também pela infraestrutura, recursos humanos, equipamentos, insumos e medicamentos apropriados.
PREFEITO DE JARDIM ESCLARECEU AO PÚBLICO POR QUE O MUNICIPIO NÃO ACEITOU
De acordo com esclarecimento sobre o assunto recentemente divulgado (em áudio) pelo prefeito Guilherme Monteiro (de Jardim), ele reuniu-se duas vezes com equipes do estado, manifestando o seu interesse nos leitos, mas desde que o Estado ou o Governo Federal ajudasse a custear os seus gastos e fazer as adequações necessárias dentro do Hospital Marechal Rondon para a instalação correta, sem risco de erros que causem contaminação a pacientes e equipes médicas por problemas de instalação.
Outra dificuldade levantada pelo prefeito é a contratação de intensivistas. Ele pergunta: "Nós temos essas pessoas qualificadas"?
De acordo com Guilherme, o custeio é outra preocupação já que um paciente internado na UTI pode custar até R$ 15.000 por dia, embora o governo federal repasse somente R$ 1.600,00. "Se passar disso, quem vai custear a diferença"? pergunta Guilherme.