Sinal Vermelho salva deficiente mantida em cĂĄrcere pela irmĂŁ e o cunhado em MS

. / José Pereira

A Campanha Sinal Vermelho começa a dar resultados positivos em Mato Grosso do Sul. Ciente da campanha, uma mulher, com deficiĂȘncia auditiva, de 39 anos, impedida de sair de casa, teria encaminhado uma foto com um X Ă  famĂ­lia pedindo ajuda que mora no interior do Estado. Com apoio da PolĂ­cia Militar, a vĂ­tima acabou resgatada junto com a filha de trĂȘs anos em Campo Grande.

 

Segundo a PolĂ­cia Militar, apĂłs receber a denĂșncia da famĂ­lia, uma equipe do Programa Mulher Segura (Promuse) foi atĂ© ao endereço na Capital. LĂĄ, durante entrevista, a vĂ­tima revelou que era mantida em cĂĄrcere pela prĂłpria irmĂŁ, que a obrigava a fazer todas as atividades domĂ©sticas, impedindo-a de sair de casa, atĂ© mesmo para ir ao mĂ©dico.

 

Com ajuda de um intĂ©rprete em libras, a vĂ­tima relatou que sofria humilhaçÔes, ofensas e constrangimento por parte do cunhado, que nĂŁo tinha pudores em relação aos momentos Ă­ntimos do casal. Sem conseguir sair de casa para ir atĂ© uma farmĂĄcia conveniada e mostrar o X vermelho na palma da mĂŁo, a vĂ­tima fez uma foto e mandou para familiares no municĂ­pio de Aquidauana – distante 141 quilĂŽmetros de Campo Grande, que de imediato acionaram a PolĂ­cia Militar e houve o resgate.

 

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança PĂșblica (Sejusp), aderiu ao movimento criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) para que mulheres vĂ­tima de violĂȘncia domĂ©stica possam contar com apoio de farmĂĄcias como um novo canal silencioso para denĂșncias.

 

Em Mato Grosso do Sul, dados da SuperintendĂȘncia de InteligĂȘncia de Segurança PĂșblica (SISP) da Sejusp mostram que os Ășltimos trĂȘs anos vĂȘm registrando queda no nĂșmero de casos. Em um comparativo de janeiro a maio (mĂȘs lançamento da campanha) referente a cada ano: 2018 registrou 7.616 ocorrĂȘncias; 2019, 7.653 ocorrĂȘncias; 2020, 7.042 ocorrĂȘncias em todo o Estado. Quanto aos casos de feminicĂ­dios, 15 foram registrados no mesmo perĂ­odo de cada ano.

 

A Sejusp trabalha junto com a PolĂ­cia Civil, PolĂ­cia Militar e Corpo de Bombeiros Militar na prevenção e no aperfeiçoamento de seus profissionais para prestarem atendimento Ă s vĂ­timas. E um exemplo, foi justamente, da PM com o Programa Mulher Segura – Promuse, que atua no reforço da fiscalização das medidas protetivas de urgĂȘncia, proporcionando maior segurança Ă s vĂ­timas.

 

A PolĂ­cia Civil, por sua vez, outra instituição parceira da campanha, criou uma nova ferramenta, on-line, para que as mulheres denunciem crimes envolvendo violĂȘncia de gĂȘnero e pode ser acessada atravĂ©s do site http://devir.pc.ms.gov.br/#/. As Delegacias Especializadas da Mulher em todo o Estado mantĂȘm o atendimento normal para as vĂ­timas em suas unidades. Todas as denĂșncias podem ser feitas via 190 ou diretamente na Delegacia Especializada no Atendimento Ă  Mulher (DEAM).

 

No Estado, inicialmente devem participar da campanha, a rede de farmåcias Pague Menos, Drogasil e Redepharma.  No Brasil, cerca de 10 mil farmåcias, filiadas a duas associaçÔes do setor, são parceiras na iniciativa. A campanha conta com diversos materiais digitais disponíveis para download em www.amb.com.br/sinalvermelho e todos podem ajudar a difundir a pråtica.

 

Veja como funciona o Sinal Vermelho:

 

  • A mulher vĂ­tima de ViolĂȘncia DomĂ©stica poderĂĄ pedir ajuda nas farmĂĄcias conveniadas.

 

  • O sinal “X”, feito com batom vermelho (ou qualquer outro material), na palma da mĂŁo (ou pedaço de papel) permitirĂĄ Ă  vĂ­tima identificar-se ao atendente em farmĂĄcias e drogarias, previamente cadastradas, para acionar a PolĂ­cia Militar.

 

  • O atendente das farmĂĄcias e drogarias receberĂĄ uma cartilha e um tutorial com as orientaçÔes necessĂĄrias ao atendimento da vĂ­tima e acionamento da polĂ­cia.

 

  • A vĂ­tima serĂĄ acolhida pela PolĂ­cia Militar e ingressarĂĄ no sistema de Justiça, com o apoio da rede de proteção.

 

  • O atendente ou farmacĂȘutico nĂŁo terĂĄ responsabilidade de figurar como testemunha da ocorrĂȘncia – serĂĄ apenas comunicante.