A Campanha Sinal Vermelho começa a dar resultados positivos em Mato Grosso do Sul. Ciente da campanha, uma mulher, com deficiĂȘncia auditiva, de 39 anos, impedida de sair de casa, teria encaminhado uma foto com um X Ă famĂlia pedindo ajuda que mora no interior do Estado. Com apoio da PolĂcia Militar, a vĂtima acabou resgatada junto com a filha de trĂȘs anos em Campo Grande.
Â
Segundo a PolĂcia Militar, apĂłs receber a denĂșncia da famĂlia, uma equipe do Programa Mulher Segura (Promuse) foi atĂ© ao endereço na Capital. LĂĄ, durante entrevista, a vĂtima revelou que era mantida em cĂĄrcere pela prĂłpria irmĂŁ, que a obrigava a fazer todas as atividades domĂ©sticas, impedindo-a de sair de casa, atĂ© mesmo para ir ao mĂ©dico.
Â
Com ajuda de um intĂ©rprete em libras, a vĂtima relatou que sofria humilhaçÔes, ofensas e constrangimento por parte do cunhado, que nĂŁo tinha pudores em relação aos momentos Ăntimos do casal. Sem conseguir sair de casa para ir atĂ© uma farmĂĄcia conveniada e mostrar o X vermelho na palma da mĂŁo, a vĂtima fez uma foto e mandou para familiares no municĂpio de Aquidauana â distante 141 quilĂŽmetros de Campo Grande, que de imediato acionaram a PolĂcia Militar e houve o resgate.
Â
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança PĂșblica (Sejusp), aderiu ao movimento criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) para que mulheres vĂtima de violĂȘncia domĂ©stica possam contar com apoio de farmĂĄcias como um novo canal silencioso para denĂșncias.
Â
Em Mato Grosso do Sul, dados da SuperintendĂȘncia de InteligĂȘncia de Segurança PĂșblica (SISP) da Sejusp mostram que os Ășltimos trĂȘs anos vĂȘm registrando queda no nĂșmero de casos. Em um comparativo de janeiro a maio (mĂȘs lançamento da campanha) referente a cada ano: 2018 registrou 7.616 ocorrĂȘncias; 2019, 7.653 ocorrĂȘncias; 2020, 7.042 ocorrĂȘncias em todo o Estado. Quanto aos casos de feminicĂdios, 15 foram registrados no mesmo perĂodo de cada ano.
Â
A Sejusp trabalha junto com a PolĂcia Civil, PolĂcia Militar e Corpo de Bombeiros Militar na prevenção e no aperfeiçoamento de seus profissionais para prestarem atendimento Ă s vĂtimas. E um exemplo, foi justamente, da PM com o Programa Mulher Segura â Promuse, que atua no reforço da fiscalização das medidas protetivas de urgĂȘncia, proporcionando maior segurança Ă s vĂtimas.
Â
A PolĂcia Civil, por sua vez, outra instituição parceira da campanha, criou uma nova ferramenta, on-line, para que as mulheres denunciem crimes envolvendo violĂȘncia de gĂȘnero e pode ser acessada atravĂ©s do site http://devir.pc.ms.gov.br/#/. As Delegacias Especializadas da Mulher em todo o Estado mantĂȘm o atendimento normal para as vĂtimas em suas unidades. Todas as denĂșncias podem ser feitas via 190 ou diretamente na Delegacia Especializada no Atendimento Ă Mulher (DEAM).
Â
No Estado, inicialmente devem participar da campanha, a rede de farmĂĄcias Pague Menos, Drogasil e Redepharma. No Brasil, cerca de 10 mil farmĂĄcias, filiadas a duas associaçÔes do setor, sĂŁo parceiras na iniciativa. A campanha conta com diversos materiais digitais disponĂveis para download em www.amb.com.br/sinalvermelho e todos podem ajudar a difundir a prĂĄtica.
Â
Veja como funciona o Sinal Vermelho:
Â
- A mulher vĂtima de ViolĂȘncia DomĂ©stica poderĂĄ pedir ajuda nas farmĂĄcias conveniadas.
Â
- O sinal âXâ, feito com batom vermelho (ou qualquer outro material), na palma da mĂŁo (ou pedaço de papel) permitirĂĄ Ă vĂtima identificar-se ao atendente em farmĂĄcias e drogarias, previamente cadastradas, para acionar a PolĂcia Militar.
Â
- O atendente das farmĂĄcias e drogarias receberĂĄ uma cartilha e um tutorial com as orientaçÔes necessĂĄrias ao atendimento da vĂtima e acionamento da polĂcia.
Â
- A vĂtima serĂĄ acolhida pela PolĂcia Militar e ingressarĂĄ no sistema de Justiça, com o apoio da rede de proteção.
Â
- O atendente ou farmacĂȘutico nĂŁo terĂĄ responsabilidade de figurar como testemunha da ocorrĂȘncia â serĂĄ apenas comunicante.