As enfermeiras acusadas de agredir paciente esquizofrênico da ala psiquiátrica da Santa Casa de Corumbá, cidade localizada na região de fronteira com a BolÃvia, foram demitidas por justa causa. VÃdeo mostra o jovem de 25 anos deitado de bruços com pés e mãos amarrados a maca.
As imagens, relatos de testemunhas, além dos hematomas pelo corpo e lesão no braço do jovem, que também é dependente quÃmico, levam a famÃlia a acreditar que ele foi agredido pelas enfermeiras da unidade. O episódio teria ocorrido no último dia 12 de outubro.
Em nota, a secretaria de saúde de Corumbá confirmou a demissão das funcionárias. A unidade não está subordinada ao poder público, porém, como parte de junta interventora, o secretário de Saúde solicitou providências cabÃveis e o hospital informou sobre o desligamento das profissionais, além da instauração de sindicância para apurar os fatos.
Conforme a secretaria, diante das acusações, o paciente foi encaminhado no dia 31 de outubro para uma comunidade terapêutica, de tratamento para dependência quÃmica, sem fins lucrativos, localizada no municÃpio de Aquidauana.
Porém, nesta quarta-feira, dia 04 de novembro, a direção da clÃnica informou que o paciente fugiu e retornou ao local portando drogas, sendo expulso por colocar em risco o tratamento dos demais internos, e por não cumprir a conduta necessária. O MunicÃpio irá enviar uma ambulância para realizar o translado do referido paciente.
Sem opção
Com poucas opções de tratamento tanto para dependência quÃmica quanto para a esquizofrenia, o jovem precisou voltar para a Santa Casa três vezes mesmo após ter os pés e mãos amarrados na maca e sair machucado da internação.
De acordo com a irmã do jovem, a social mÃdia Renata Galeano, de 23 anos, as crises de abstinência e recaÃdas o levaram a procurar a unidade outras vezes mesmo após o episódio de agressão.
Ela destaca que depois das supostas agressões ele ficou com dificuldade de locomover um dos braços e exame médico comprovou a necessidade de realizar sessões de fisioterapia como forma de tratamento, o que ainda não foi possÃvel.
A famÃlia busca na Justiça a interdição do jovem para ter o direito de interná-los de forma compulsória para receber o tratamento que eles consideram adequado. A gente interna ele e ele fala que tem que ir embora. Não tem como manter ele, lamenta.
Segundo ela, das últimas vezes as internações ocorreram de forma voluntária demonstrando que o irmão deseja o tratamento.
Internação compulsória - A internação compulsória de paciente psiquiátricos é recomendada apenas em casos extremos em que apresenta risco de vida.
Porém, no ano passado, o governo federal sancionou a Lei 13.840, que autoriza a internação compulsória de dependentes quÃmicos, sem a necessidade de autorização judicial.
De acordo com o Conjur, a norma estabelece que a internação involuntária deverá ser feita em unidades de saúde e hospitais gerais, com aval de um médico e prazo máximo de 90 dias, tempo considerado necessário à desintoxicação.
A medida, no entanto, esbarra na falta de vagas para tratamento psiquiátrico e de dependência quÃmica no SUS (Sistema Único de Saúde).
A solicitação para que o dependente seja internado poderá ser feita pela famÃlia ou responsável legal. Não havendo nenhum dos dois, o pedido pode ser apresentado por servidor da área da saúde, assistência social ou de órgãos integrantes do Sinad (Sistema Nacional de PolÃticas Públicas sobre Drogas).
A lei também inclui no Sisnad as comunidades terapêuticas acolhedoras. No entanto, a permanência dos usuários nesses estabelecimentos de tratamento deve ocorrer apenas de forma voluntária, devendo o paciente formalizar por escrito a vontade de ser internado.