Filha é presa como mandante de execução de fazendeiro para ficar com herança

. / Diego Alves

Operação da Polícia Civil de Naviraí, com apoio de delegacias de Mundo Novo, Eldorado e Palotina (PR) elucidaram o assassinato do fazendeiro Paulo Sérgio de Freitas Miranda, de 57 anos, morto durante atentado a tiros em Naviraí, cidade distante 359 quilômetros da Capital, ocorrido no dia 23 de setembro em sua propriedade rural. Atingido por diversos disparos efetuados pelos pistoleiros, foi socorrido, mas morreu quatro dias depois no hospital.

A filha de Paulo Sérgio, de 29 anos, foi presa nesta quinta-feira (18), como sendo uma das mandantes do crime. O marido dela, genro de Paulo, foi preso pelo crime no último dia 20 de outubro. A esposa do fazendeiro, mãe da mulher de 29 anos, também era para ser uma das vítimas, conforme relatou um dos pistoleiros conttatados.

O casal preso não tinha mais contato com os pais e estava em uma difícil situação financeira. Contra o genro, há um boletim de ocorrência de um crime que ele teria cometido contra um membro da família da esposa, motivo em que o casal foi afastado dos demais familiares.

A motivação inicial apontado como motivação, segundo a polícia, é a de que o crime seria realizado para que o casal ficasse com uma propriedade rural do fazendeiro, como herança.

O fazendeiro, que é do estado do Paraná, estava há pouco tempo com a esposa em Naviraí. A fazenda em questão, que o casal queria tomar posse com herança, fica localizada na cidade de Guaíra (PR), onde viviam. A informação da polícia é de esta fazenda que o pai teria passado para a filha, ainda estava no nome dele, e o casal passava por problemas financeiros.

Presos

Primo do genro da vítima foi preso apontado como intermediário que contratou os pistoleiros. Um homem que atuou como motorista também foi preso. O carro utilizado no dia do crime, um GM Monza, passou por reparos em Guaíra (PR), e quem solicitou os reparos foi primo do genro da vítima.

Posteriormente com o apoio de investigadores de Polícia Civil de Palotina (PR), os investigadores conseguiram realizar a identificação de um dos pistoleiros contratados para realizar o crime.

Logo após, os investigadores localizaram a residência onde os pistoleiros se esconderam após o crime, e identificaram o veículo utilizado para dar fuga aos assassinos.

Com a identificação do veículo, os investigadores identificaram o motorista responsável em dar fuga aos pistoleiros, e assim, no dia 08 de outubro, foi deflagrada a primeira fase da Operação Indignus Heres, onde foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão domiciliar em Palotina (PR).

Segundo a polícia, durante o curso da operação, foi apurado que o genro da vítima, seu primo e um dos pistoleiros mantiveram contato telefônico antes, durante e depois do crime.

Inclusive, o primo do genro da vítima, ligou para o primo, algumas horas após o crime, quando o autor estava no hospital de Naviraí, aguardando notícias do sogro.

Também foi apurado que um dos pistoleiros também manteve contato telefônico com o genro da vítima dois dias após o crime, segundo a polícia.
Após novos indícios, no dia 20 de outubro, foi deflagrada a segunda fase da Operação Indignus Heres, quando foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão domiciliar e dois mandados de prisão temporária, em desfavor do genro da vítima e do motorista que deu fuga aos pistoleiros, na região de Maracaju dos Gaúchos, em Guaíra (PR).

Depois, os policiais descobriram que o primo do genro da vítima havia fugido para a cidade de Joinville (SC), e, por meio do Núcleo de Regional de Inteligência de Naviraí, conseguiram localizar o suspeito. Foi então repassada a informação para a Polícia Civil de Joinville, que localizou e prendeu o suspeito.

Ainda durante a investigação, com o apoio de investigadores de Palotina (PR) foi realizada a identificação do segundo pistoleiro, que foi preso na cidade e encaminhado a Naviraí.

Ainda de acordo com a polícia, outro pistoleiro contratado, morreu na cidade de Palotina (PR) durante confrinto com policiais militares, após ter roubado uma caminhonete Hilux, em Moreira Sales (PR).

Antes do crime, o primo do genro da vítima, procurou um dos pistoleiro e ofereceu R$ 20 mil para cada um pelo crime e que os alvos seriam Paulo Sergio e sua esposa. No dia 21 de setembro, o primo do genro da vítima levou os dois pistoleiros até Naviraí.

Para não levantar suspeitas, os pistoleiros e o motorista de fuga passaram a noite do dia 22 para o dia 23 (dia do crime) na cidade de Itaquiraí (MS).
Logo após os pistoleiros se deslocaram até Naviraí, onde praticaram o crime e foram apoiados pelo motorista de fuga que os retirou da cidade em um veículo Astra.

De acordo com apurado pela polícia, os pistoleiros não chegaram a receber pelo crime, sendo que o único pagamento dado até então foram as armas usadas e um veículo Citroen C5 que está apreendido em Palotina (PR).

Operação Indignus Heres

O nome faz menção ao Art. 1.814 do Código Civil Brasileiro o qual prevê que a indignidade constitui pena civil que priva do direito de herança não só aos herdeiros, bem como os legatários que cometeram os atos criminosos ou reprováveis contra o autor da herança. Concede o afastamento do herdeiro indigno, faz um juízo de reprovação, visto tal gravidade do ato. É uma questão de moral e lógica de que quem pratica atos de indignidade seja impedido de receber tal beneficio.

Relembre o crime

Paulo Sérgio de Freitas Miranda, 57 anos, morreu dois dias após o atentado, em 26 de setembro, na cidade de Dourados, onde estava internado após sofrer o atentado.

A vítima estava na companhia de sua família quando recebeu os disparos. Toda a ação dos criminosos foi filmada por câmeras de segurança, onde é possível observar quando dois homens chegam no local em um carro Monza, de cor prata. Um dos autores desce do carro e caminha calmamente para dentro do barracão enquanto o outro fica no veículo, mas minutos depois o motorista acaba descendo do carro também.

Após os tiros, os homens correm. O fazendeiro foi atingido no rosto, abdômen, tórax e mãos. Os pistoleiros abandonaram o Monza que usaram no crime próximo a um assentamento. Durante a fuga, a dupla fez um motorista refém e o obrigaram a dirigir até a cidade onde fugiram a pé. Na região urbana de Naviraí, eles conseguiram sair do estado, após o motorista contratado levar a dupla