Funcionários da empresa Energisa enfrentaram resistência de moradores na manhã de hoje ao desligar “gatos†de energia em área invadida no Bairro Mário Covas, em Campo Grande. FamÃlias invadiram o local há anos e utilizam ligação irregular de energia elétrica. "Nós mesmos fizemos a ligação porque a empresa não quer colocar padrão", disse a moradora Maria Aparecida, 30 anos, que auxiliou na montagem de barreira com entulhos e madeiras para tentar impedir o acesso de trabalhadores da empresa.
Em contrapartida, funcionário da Energisa, Carlos Penasso, 26 anos, que fazia a desinstalação da energia, disse que os moradores não querem fazer acordo. "A empresa já tentou várias vezes colocar padrão aqui, mas eles não querem pagar energia e hoje fez mutirão para desligar os fios que estão aqui há mais de cinco anos".
Ainda segundo o funcionário, a empresa de energia já implantou os postes no local. "São mais de oito quadras aqui na Rua Betoia, que não pagam energia", disse o profissional.
Motorista de caminhão, Pedro Roberto, 68 anos, mora no bairro e tem seu próprio padrão. "Não faço parte da Comunidade Mário Covas, mas acompanho a luta deles. Eles querem a escritura do terreno. Sem escritura não tem como ligar padrão", explicou.
A moradora Leidiane Figueiredo, 23 anos, disse que o terreno era da empresa Ãguas Guariroba e que a Prefeitura de Campo Grande passou a ser a proprietária depois de questões judiciais. "Invadimos o local há seis anos e desde então estamos lutando para regularizar. Tenho inscrições na Emha e na Agehab, mas até agora não saiu nada. Pra onde vamos?", questionou.
Populares informaram que é a terceira vez que a empresa corta a energia da comunidade. "Eles cortavam, mas não levavam os fios. Hoje eles levaram e agora não tem como ligarmos de novo", disse Leidiane.
CONFLITOS
Quando funcionários da empresa de energia começaram a cortar os fios, moradores fizeram barricadas com madeiras e diversos objetos para impedir a ação. Em seguida, a PolÃcia Militar (PM) chegou com reforço e tentou impedir a desordem. "Policial chegou me chutando na virilha e tirou a barricada. Não deu voz [de prisão]. Não falou nada", disse o pedreiro Romerio Leandro da Silva, 41 anos.
De acordo com os moradores, mais de 100 famÃlias moram na área invadida.