Nas ruas do Brasil, a maioria da população já circula sem máscara e mesmo em locais fechados o acessório já cai em desuso. Nos últimos dias, entretanto, o setor farmacêutico alertou para o aumento da procura por exames e autotestes com resultados positivos. A RFI ouviu três especialistas na área para entender os riscos de uma nova onda de coronavÃrus no paÃs. A avaliação deles é de que a pandemia não acabou: muitos paÃses têm uma taxa baixa de vacinação, criando um terreno propÃcio para o aparecimento de uma nova variante global, como aconteceu com a ômicron. A situação atual, dizem, ainda exige um esquema vacinal com doses de reforço e cuidados, como o uso da máscara em locais fechados. Nenhum deles, porém, acredita que haverá ondas graves de casos no paÃs a curto prazo. "Eu não acredito em uma nova onda importante de óbitos num espaço breve, embora possa haver aumento de casos. O Brasil tem uma cobertura vacinal satisfatória, apesar de deixar um pouco a desejar na aplicação da dose de reforço. Além disso, como grande parte da população foi exposta ao vÃrus durante a onda da ômicron, a gente ainda passa por um momento onde o grau de imunidade na população permite que os indicadores continuem num patamar confortável", disse à RFI Mauro Sanchez, epidemiologista do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de BrasÃlia. "Essa flexibilização das regras que a gente tem visto é compreensÃvel, mas é preciso ter consciência de que a situação pode mudar no curto ou médio prazo porque já há consenso na literatura cientÃfica de que novas variantes vão parecer. O que a gente não sabe é quão transmissÃveis e virulentas elas serão", alerta Sanchez. A média móvel de novos casos subiu 29% em duas semanas. Já a variação média de mortes por Covid é estável: foram registrados cem óbitos diários nos últimos sete dias.  Mãos limpas e uso de máscaras No Brasil, 77% da população tem um esquema de vacinação completo, com a segunda dose e 41% receberam uma dose extra de reforço. Estados e municÃpios retiraram exigências sanitárias como uso obrigatório de máscaras diante da redução de casos e mortes este ano. "Não dá para falar nada ainda sobre fim da pandemia. Todos que fizeram previsões muito assertivas sobre a situação envolvendo o coronavÃrus erraram. Uma das caracterÃsticas dessas doenças emergentes é a imprevisibilidade e a capacidade de evolução desses organismos, com surgimento de variantes", explicou Eliseu Waldman, do departamento de epidemiologia da USP. " É possÃvel que ocorram novos surto, novos picos. Porém o mais provável é que esses eventos passem a ser menos frequentes e menos intensos."