Seminário aponta Porto Murtinho como celeiro de oportunidades com a Rota Bioceânica

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Porto Murtinho, cidade fronteiriça de 18 mil habitantes, tornou-se um celeiro de oportunidades como portal da Rota Bioceânica (Brasil-Chile) e a sociedade local, sobretudo os empresários e a classe trabalhadora, deve se atentar para essa transformação e se preparar para investimentos em novos negócios e se capacitar para a absorção da oferta de empregos. A integração física com o Pacífico, por Mato Grosso do Sul, é uma realidade concreta.

A afirmação, que soa como um chamamento para esse novo momento econômico do Estado e da região, é do professor Lucio Flávio Joichi Sunakozawa, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e presidente da Aliança Jurídica Internacional da Rota de Integração Latino-americana.  Ele foi um dos palestrantes do seminário realizado em Porto Murtinho, como parte da programação do Festival Internacional do Chamamé, que se encerra amanhã (14).

Prefeito Nelson Cintra diz que Governo do Estado e Prefeitura investem para preparar o município para os avanços previstos com a Rota Bioceânica

Presente ao evento, o prefeito Nelson Cintra enfatizou que a administração municipal está fazendo a sua parte ao preparar a cidade para o desenvolvimento, com a parceria do Governo do Estado, bancada federal e do Sebrae. “Temos falado incansavelmente com a população sobre essa transformação, o murtinhense tem que assumir a paternidade de sua cidade”, disse. “Hoje estamos investindo mais de R$ 100 milhões, com a ajuda do nosso governo.”

Mundo de olho em Murtinho

Com o tema “Porto Murtinho e a geografia da modernidade”, o evento realizado na manhã deste domingo, no auditório do Cine Teatro Ney Machado Mesquita, abordou a perspectiva geopolítica e jurídica da fronteira sudoeste com a implantação da ligação rodoviária Atlântico-Pacífico.  O novo corredor reduzirá tempo e custo no escoamento da produção nacional, em especial do Centro-Oeste, aos mercados asiático, médio oriente e oeste norte-americano.

Lucio Flávio Sunakozawa

“Os murtinhense precisam olhar para a transformação que está ocorrendo com essa integração, se conscientizarem das oportunidades que estão surgindo e saírem do comodismo e da descrença com o que vai ser uma mina de ouro”, disse Lucio Flávio, chamando a atenção da população local para se antever a esse novo momento e investir em capacitação e prestação de bons serviços, com o apoio do Sebrae e Sistema S, e novos empreendimentos.

O palestrante comentou que a UEMS faz parte de uma rede de universidades dos quatro países da rota (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile) voltada à pesquisa do novo eixo e ressaltou que a Bioceânica é hoje o maior projeto transnacional em andamento na América Latina. “Não podemos esperar dois anos, quando a ponte (sobre o Rio Paraguai) estiver pronta, para começar essa nova geografia, Murtinho hoje é um centro de atenção mundial”, observou.

Expansão do agro e turismo

A transformação da região já ocorre em paralelo aos investimentos dos governos brasileiro e paraguaio em infraestrutura logística, segundo Lucio Flávio, citando a expansão da agricultura na região sudoeste, centro do corredor. “Murtinho se tornará um grande celeiro de oportunidades emergentes, a Bioceânica é um o projeto audacioso que vai muito além do Pacífico, vai acessar as três Américas, alavancando o agronegócio e o turismo”, pontuou.

Palestrantes do seminário falam sobre os reflexos da Rota Bioceânica para o Estado e principalmente para Porto Murtinho 

Mestre e doutoranda em desenvolvimento local, a pesquisadora Gabriela Oshiro, da UCDB, defendeu como tese a Rota Bioceânica com foco na fronteira de Porto Murtinho com Carmelo Peralta (Paraguai), e abordou no seminário as relações e diretrizes tributárias, jurídicas e trabalhistas desse novo corredor comercial. O debate teve como mediadora a turismóloga e especialista em gestão pública Vivian Cruz, assessora de projetos do Cidema e do município.