Famasul diz que indígenas mantêm invadidas fazendas de 25 das 79 cidades de MS

Fazenda ocupada na cidade de Antônio João, em 2005, homologada como território indígena; disputa que resultou em morte de índio dura décadas - Foto: Ãlvaro Rezende / Arquivo Correio do Estado /

Das 79 cidades de Mato Grosso do Sul, 25 têm históricos de fazendas invadidas por indígenas, informou a Famasul, a Federação da Agricultura e Pecuária de MS, entidade engajada na defesa do agronegócio, em atividade aqui no Estado, desde 1977, 45 anos atrás.

Ao todo, afirma a entidade, 146 áreas rurais hoje estariam invadidas por indígenas.
Informação divulgada pela assessoria de imprensa da Famasul, a pedido do Correio do Estado, sentencia que "há registros de invasão nessas propriedades a partir de 1980". 

Ou seja, pelas contas da entidade ruralista, indígenas ocupam área que seria propriedade privada há pelo menos 43 anos. O quadro numérico reforça a ideia de que o poder judiciário é lerdo quando o assunto tratado mexe com conflitos agrários. 

Principalmente, ao envolver povos indígenas. As 146 ocupações são debatidas em processos judiciais em andamento. Os movimentos de invasões ocorrem porque os indígenas, sustentados por estudos antropológicos, acreditam que as áreas são suas, não dos ruralistas.

ASSUNTO ANTIGO

Invasões de terras por indígenas em MS, embora assunto remoto, têm conquistado recentes debates políticos há pelo menos uns 20 dias.

Ontem, segunda-feira (27), por exemplo, o deputado estadual Márcio Fernandes, do MDB, que chefia a Frente Parlamentar em Defesa do Agronegócio foi à sede da Famasul e lá conversou com o presidente da entidade, Marcelo Bertoni.

Fernandes, depois da audiência, disse que busca meios para "resolver o imposse". A ideia dele é a de que a União indenize os fazendeiros com terras ocupadas por indígenas.

Duas semanas atrás, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, esteve em MS e foi até uma das áreas sob litígio, em Rio Brilhante. Ela prometeu que a Funai vai retomar os estudos antropológicos sobre a terra em disputa e que as demarcações serão retomadas pela União. 

"A Famasul tem esse registro [das ocupações]. É por aí mesmo [146 áreas]. Só que precisa considerar que nem todas as fazendas estão 100% ocupadas pelos indígenas".

O coordenador jurídico do Cimi, o Conselho Indigenísta Missionário, disse que "na maioria delas [áreas invadidas] eles [índígenas] vivem na área de reserva [mata], em pequenos espaços, especialmente os guarani". 

E isso não estaria atrapalhando em nada os trabalhos efetuados pelos fazendeiros em suas áreas, afirmou o chefe jurídico do Cimi.

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