Presa por 'torturar' crianças em creche pede 'reflexão' e se diz inocente

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A dona de creche Caroline Florenciano dos Reis Rech, 30, encarcerada desde anteontem (10) acusada de torturar crianças, por meio de nota divulgada nesta quarta-feira (12), por advogado que a defende, pediu "reflexão" à população, pois "muitas pessoas já foram condenadas pelas redes sociais, e com o fim do processo, não foram consideradas culpadas".

Dona da creche Cantinho da Tia Carol, que funciona desde janeiro, em Naviraí, cidade distante 364 quilômetros de Campo Grande, Caroline foi presa depois que a Polícia Civil instalou câmeras no prédio e flagrou ela batendo numa criança de 11 meses.

No comunicado emitido, ela, que segue detida, diz que "os fatos não se deram da forma que estão sendo divulgados e propagados nas redes sociais".

Ela segue: "há quatro anos, o Cantinho da Tia Carol cuida de crianças para que seus pais ou responsáveis possam trabalhar. Neste período, não agrediu, não ameaçou, não constrangeu ou não praticou qualquer ato que possa caracterizar tortura, contra as crianças sob seus cuidados".

Os argumentos dela contrariam a versão da delegada Sayara Baetz, que a prendeu. A policial afirmou que a dona da creche dava remédios para as crianças dormirem e também batiam e humilhavam elas.

Caroline afirmou ainda na nota emitida que "nunca ministrou nenhum tipo de remédio, sem o conhecimento dos responsáveis pelas crianças, e quando fez, o remédio era enviado na bolsinha da criança, e autorizado via whatsapp".

Para sustentar o pedido de prisão, a delegada mostrou à Justiça imagens da dona da creche batendo a cabeça de um bebê, que chorava, no sofá.
Depoimentos de outras crianças indicam que Caroline gritava com crianças que faziam xixi nas calças. Há relatos indicando que uma criança levou tapa do rosto pelo xixi.

A creche abrigava em torno de 40 crianças com idades que variam de 11 meses a sete anos de idade. O estabelecimento ficava aberto o dia todo. Caroline, antes de abrir o negócio, em janeiro, era babá havia quatro anos, segundo a polícia.

A creche funcionava clandestinamente, sem qualquer autorização oficial.

Também no comunicado, Caroline afirma que "neste momento de desencontro de informações nas redes sociais, a polícia deveria acalmar os ânimos, não o contrário em coletivas".

FICHA CORRIDA E TENTATIVA DE SUICÍDIO

Na primeira noite na cela da delegacia da Polícia Civil de Naviraí, a dona da creche teria tentado se matar.

sando partes de um aparelho de reparo dentário, ela fez cortes num dos braços. Ela aguarda vaga em presídio feminino. 

De acordo com a delegada, a dona da creche foi presa preventivamente, sem prazo definido.

A ocorrência envolvendo a creche é apenas uma das ocorrências que envolvem Caroline.

Em 2019, por exemplo, ela teria batido na avó, que era cadeirante por ter amputado uma das pernas. A vítima, que já teria morrido, afirmou à época que era torturada pela neta.

Caroline, que seria casada e mãe de uma criança pequena, foi denunciada também por furto.

INQUÉRITO SEGUE

A delegada Sayara segue na condução do inquérito. Agora, ela tem ouvido depoimentos dos pais das crianças que eram cuidadas na creche.

Além de Caroline, a policial tinha pedido a prisão de uma funcionária da creche, que foi posta em liberdade depois de pagar fiança de R$ 1,3 mil, valor equivalente a um salário mínimo.